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Enviada em: 05/03/2018

Durante o período colonial, a principal mão de obra escrava, negros africanos, consistia em indivíduos intencional e inconstitucionalmente esvaziados de sua cultura, tanto no trajeto, quanto no Brasil, onde eram proibidas demonstrações de heranças ancestrais. No limiar hodierno, todavia, a história se repete em diferentes níveis. Sendo assim, a apropriação cultural, adoção de hábitos e elementos de uma cultura específica por grupos culturais diferentes, é impulsionada pela artificialidade hiper capitalista de pós-modernidade, bem como pela relativização dos processos de construção identitária de uma minoria.                    Sob tal ótica, faz-se necessário corroborar, em primeira instância, que, na Era Pós-Moderna, as relações sociais são marcadas pelo egocentrismo e artificialidade. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a lógica hiper capitalista atual suscita comportamentos sociais desprovidos de empatia, o que impede um cidadão de enxergar o outro como um ser humano com identidade e carga histórica cultural, independente da raça. Dessa forma, uma cultura dominante tende a banalizar e estereotipar elementos de uma cultura dominada ao exercer uma relação de poder sobre a mesma e desconsiderar as lutas dos povos minoritários, os significados e os rituais cujos objetos apropriados estão relacionados.                    Por conseguinte, a insistente relativização, a ressignificação e o desrespeito com aquilo que proporciona noção de pertencimento a um grupo interferem nos processos de construção identitária, bem como na evolução do país. Segundo Leci Brandão, em entrevista à revista Época sobre a apropriação cultural dos brancos com os turbantes, tal problemática consiste numa forma discriminatória de expressar que determinados elementos não podem ser de culturas específicas, como a negra, a judeia e a indígena, por exemplo, mas sim multiculturais e exóticos.                    Infere-se, portanto, que medidas são necessárias para solucionar os entraves apresentados. Logo, o Ministério da Educação, em parceria com as escolas públicas e privadas do país, deve implementar aulas de campo interativas que visem estreitar as relações entre os alunos, bem como combater a banalização de elementos formadores da identidade do outro. Ademais, o Governo Federal deve criar um Conselho responsável por julgar causas sociais relacionadas à cultura, sobretudo de minorias, a fim de atenuar a interferência nos processos de construção identitária. Desse modo, os rumos da história divergirão do exemplo colonial.