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Enviada em: 04/03/2018

Quando o limite não é explícito       Por ser uma sociedade isolada, o Egito, apresentou uma cultura bastante homogênea. As vestes e adereços antes usados em rituais politeístas, foram modificados em simples enfeites nos desfiles de moda. Enquanto uns defendem que esse uso é um modo de exaltação cultural, todavia para outros é a transformação de elementos ritualísticos em simples acessórios exóticos.      Além disso, o filósofo Zygmunt Bauman afirma que a globalização é um processo sem volta e que as comunidades não conseguem manter puras as suas tradições. Em paralelo, o próprio descobrimento do Brasil trouxe uma mescla de culturas, ou até mesmo a apropriação dos costumes de outros povos, como é o caso dos ribeirinhos amazonenses que usam redes para dormir - objeto antes usado exclusivamente pelos povos indígenas - e a nação angolana que consome mandioca derivada do território brasileiro a qual foi levada pelos conquistadores portugueses. Em meio a uma sociedade que desde a antiguidade se funde com outras, é inadequado esperar que uma civilização continue restrita e sem interferência exterior, resultado da mundialização atual.       Entretanto, o turbante por muito tempo, foi criticado por ser um ornamento religioso do candomblé, as pessoas o usavam como símbolo de resistência. Devido a isso, o uso deste acessório cultural apenas como adereço, no Baile da Vogue de 2016, gerou intensa crítica dos afrodescendentes, pois para eles representa orgulho da ancestralidade e não somente um estilo. Em vista disso, torna-se necessário estabelecer o limite entre o certo e o errado, pois a não ocorrência dessa linha acarreta intensos debates virtuais sem respeito ao "usurpador" e ao "legítimo", como foi o caso de Thauane Cordeiro, que em sua rede social foi criticada por usar turbante - para cobrir sua cabeça após tratamento de câncer - e que por ser branca não tinha "direito histórico" para usar, mesmo utilizando-o por conta de sua doença.        É imprescindível, a criação de fóruns e debates públicos, os quais envolvam a comunidade, para falar sobre o limite entre o uso ofensivo do, convencional. A mídia, como veículo influenciador, deve informar a população sobre o histórico dos acessórios usados e a carga cultural que detém "simples" artefatos, através de publicidades que envolvam celebridades, esportistas e atores, demonstrando assim um uso consciente. A escola, em parceria com a sociedade, deve ensinar as crianças, desde a escola primária, a respeitar e entender a cultura do próximo, pois estaria dando oportunidade a elas de abraçarem elementos culturais de um modo a ressaltar a beleza dos mesmos e não inferiorizá-los.