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Enviada em: 09/03/2018

Entre comida, berimbau e turbante       A feijoada é um prato típico que foi criado pelos escravos negros, no Brasil, devido a precariedade de opções de alimentos, e por causa dessa alegoria ser de pertencimento negro dizia-se que era comida de “preto e pobre” até que, uma empresa alimentícia começou a vender esse prato congelado. Essa história deve ser debatida na esfera coletiva, pois a sociedade brasileira é demasiadamente miscigenada e se trata de um exemplo de apropriação cultural. Assim, discutir esse assunto no Brasil requer a presença de protótipos para que o discurso não seja factoide e lese ainda mais a comunidade expropriada.       Não há problema algum em uma mulher branca de fé diferente das de matrizes africanas usar turbante, primeiramente. A objeção é quando a indústria da moda vende o acessório com novo significado e ao mesmo tempo minando a representação para os negros e isso sim, tem que ser apresentado como erro e detonado pelas mídias atuais, pois por muito tempo só existiu a mídia conservadora que é um cenário desigual. Desse modo, combater essas ideias unilaterais é obrigação de todos que em algum momento foram minorias sociais e aos que sempre foram representados o silêncio e a atenção são formas de reduzir a dívida histórica que o país tem com esses grupos sociais.        Outro exemplo é a capoeira, hoje registrada como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, no passado uma técnica de combate usada para defesa contra a perseguição dos capitães do mato. Nesse caso, existe o respeito, a valorização e o reconhecimento da cultura e confirmando que é possível usufruir da alegoria de terceiros sem esvaziar a riqueza dos significados.         Lourdes Teodoro, psicanalista negra brasileira, disse em um programa de debate: o turbante ajuda sobreviver, mas o que empodera é o conhecimento. São as políticas afirmativas que possibilita os discursos profundos dos jovens que começam a ter o poder de mudar a história de suas vidas logo, o extravasamento dessas políticas para os concursos públicos como regra é que podem reduzir a dívida histórica brasileira. A exigência de cotas para negros em produções artísticas que pleiteiam financiamento com o Ministério da Cultura para apresentar aos segregados que eles podem vislumbrar qualquer profissão e atingir essa população como o filme Pantera Negra, no qual o elenco era de maioria negra. A atual configuração social brasileira necessita de mais debates sobre as minorias para que no futuro exista uma representatividade mais igualitária.