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Enviada em: 22/03/2018

Há muito tempo pode-se perceber no Brasil como a globalização criou um mosaico de diferentes culturas. Recentemente, essa questão tem levantado o debate acerca da apropriação cultural, especialmente no âmbito da moda, quando uma jovem com câncer foi hostilizada por utilizar um turbante para esconder a falta de cabelos. Nesse contexto, faz-se necessário uma reflexão sobre até que ponto usar elementos de uma cultura diferente é de fato um problema, visto que o país nega ser racista apesar de ter sido erguido sobre escravização e violenta subordinação de povos negros africanos e ter a manutenção desse grupo em locais marginalizados da sociedade até hoje. Antes de tudo, é importante ressaltar que o problema não reside no uso dos adereços, mas sim em descaracteriza-los. No passado, o uso de turbantes, assim como de outros elementos da cultura africana era extremamente criminalizado. Por isso, seu uso hoje é símbolo de afirmação de identidade e resistência, e não apenas um acessório de moda. De acordo com George Santayana, aqueles que não conseguem se lembrar do passado estão condenados á repeti-lo. Nessa perspectiva, adotar elementos da cultura negra sem trazer a tona a carga histórica de anos de repressão é sim uma forma de descriminação. O que realmente importa tem sido colocado em segundo plano. A igualdade está longe de ser uma realidade quando ao avistar um negro, muitos mudam de calçada, protegem suas bolsas e escondem seus celulares. É ai que reside o problema, segundo B. Easy a cultura negra é popular, mas as pessoas não. Diante de tal fato, esse tema repercutiu muito nas redes em 2017. A cantora Anitta e a atriz Isabella Santoni  postaram uma foto usando dreads no instagram e surgiram comentários como "A minha cor, não é moda", "Muito fácil ter "estilo afro" sendo branca e nunca ter que passar por todos os preconceitos sociais que pessoas negras passam por assumir o mesmo estilo" indicando outro problema: é legal brincar de ser negro, desde que você não seja um de verdade. Enfim, a liberdade sendo vista como uma forma relativa de expressão não torna a apropriação cultural algo totalmente negativo, mas o não reconhecimento sim. Por tudo isso, é necessário que o real valor destes elementos seja valorizado. Em primeiro lugar, a mídia juntamente com o Ministério da Educação invistam em filmes, novelas, propagandas que contem a história do povo negro africano visando ensinar a população o significado que esses acessórios tem para esse povo. Além disso, escolas e universidades devem criar campanhas na internet para que o tema possa ser discutido por uma maioria, assim, finalmente, o mosaico de diferentes culturas construído ao longo de anos, não representará um problema, mas sim uma aproximação.