Conforme o ideal de Heráclito de Éfese, filósofo grego, a mudança é inerente ao desenvolvimento humano. Desse modo, a contribuição da globalização como processo de integração mundial evidencia que a adoção de valores culturais entre diferentes povos é intrínseca à evolução dos tecidos sociais. Nessa conjuntura, destacam-se a importância dessa assimilação para a coletividade e as discussões que envolvem as consequências de tal transcurso. Em primeira análise, cabe pontuar que o termo "apropriação" pode proporcionar uma visão negativa acerca da miscigenação que conduz. É inegável que a associação da culinária africana à língua portuguesa, bem como a incorporação desses ao folclore indígena, contribuiu para a formação da população brasileira contemporânea durante o processo colonizatório da "Terra das Palmeiras". Nesse sentido, não é viável encarar a apropriação cultural como um processo negativo, visto que há o enriquecimento de conhecimento entre os povos. A problemática, entretanto, encontra concepções prejudiciais quando a representatividade ligada a objetos e hábitos é negligenciada. Comumente são veiculadas, através da esfera midiática, propagandas que mostrem um símbolo de resistência — a exemplo dos turbantes, no que se refere à batalha negra frente aos legados do processo escravocrata — como aspecto unicamente estético, desconsiderando, dessa forma, o valor de que originalmente possui. Dessa maneira, torna-se evidente que o Ministério da Educação deve promover palestras nas instituições de ensino, destinadas a discentes e docentes, que promovam o debate acerca da importância de cada povo no cenário mundial, objetivando desconstruir visões estereotipadas acerca dos costumes de cada comunidade. De maneira análoga, a mídia precisa incentivar a reflexão dos telespectadores acerca da relevância dos aspectos culturais como fatores que constituem a integração e luta sociais, solidificando a visão de Heráclito.