Materiais:
Enviada em: 22/06/2017

Da Constituição às mazelas literárias      A Revolução Francesa trouxe garantias inimagináveis ao Brasil. Nele, a Constituição de 1988 integrou os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Se seguidos corretamente, esses ideias garantiriam a ausência de problemas econômicos e sociais. Entretanto, com a aplicação falha da Carta Magna, as intolerâncias à diversidade de gênero se configuram como um grave problema social. Dessa maneira, contribuem para a continuidade desse lamentável quadro condutas padronizadas e confrontos ideológicos.       Em primeiro plano, é imprescindível que a sociedade não assuma os mesmos contornos da Casa Verde, retratada na obra “O Alienista” de Machado de Assis. O autor, tecendo uma crítica social, cria uma personagem que interna a maioria da população da cidade na casa, devido a supostos comportamentos anormais. Trazendo isso à realidade, a identidade de gênero, embora pareça ser de escolha individual, é solidificada por condutas padronizadas que, em parte, a sociedade preconceituosa impõe. Com efeito, a liberdade de escolha de objeto sexual – seja homem ou mulher – é transgredida, o que pode acarretar ainda em mazelas psicológicas devido à repressão do desejo sexual.       Em uma análise detalhada, no livro “O Mal-Estar na Civilização”, Freud assevera que a cultura gera mal-estar nos indivíduos em função da existência de um conflito entre as suas exigências e as da civilização. Desse modo, surgiu, a princípio, a exaltação e consolidação de uma única orientação – a heterossexualidade –, que fez com que houvesse a cristalização desse percurso. Hoje, há, contudo, a emergência de novas modalidades de gênero, como travestis e transexuais, que não são aceitas. Logo, o encontro dessas ideologias ilustra o confronto dissertado por Freud, visto que, infelizmente, a maioria sobrepõe-se à camada menor.       Fica evidente, portanto, que as intolerâncias à diversidade de gênero são preocupantes e dificultam a plena aplicação da Lei Maior. À Mídia cabe desfazer a imposição de comportamentos padronizados por meio de ficções engajadas. Ao Ministério da Educação, na figura das escolas, compete realizar aulas e debates em torno da diversidade e incentivar a reversão de práticas ideológicas fadadas à aceitação de uma única orientação sexual. Talvez com essas medidas, alcançar-se-á um corpo social livre, igualitário e fraterno – como prevê a Lei das Leis.