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Enviada em: 10/08/2017

No Brasil, a desigualdade de gênero é um mal que traz muita inquietação e transtorno para boa parte da população. Lamentavelmente, a população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) seguem sofrendo com práticas aviltantes que vão desde o discurso de ódio até a homofobia. Em face disso, entender a influência do contexto histórico é vital para combatê-las.  É irrefutável que o pensamento ocidental tradicional forneça sustentação ao discurso de ódio contra as diferentes identidades de gênero. Segundo Foucault, o parâmetro de classificação sexual, seja científico, seja tradicional, tem origem histórica. Na Grécia Antiga, por exemplo, o tipo de relacionamento homoafetivo entre homens era normal e não causava espanto ou discriminação. Todavia, a partir do século XVIII, devido aos ideais de pecado e imoralidade defendidos pela Igreja, a homossexualidade e qualquer outra identidade de gênero que não correspondesse às tradicionais – o ser humano estritamente como homem ou mulher – não deveria permanecer acesa no todo social, o que, consequentemente, resultou em sua condenação. E como a Igreja era um dos principais alicerces do Estado à época, essa melindrosa imposição foi largamente aceita e sendo cristalizada ao longo do tempo. Infelizmente, hoje ela ainda se mantém de pé e alguns indivíduos fazem uso dela para desprestigiar a diversidade e, por vezes, justificar a homofobia.  Entretanto, é sabido hoje que a identidade de gênero não se limita ao radicalismo de ver o ser humano única e estritamente como homem ou mulher, mas se perde em um mar de personalidades. Personagens como Simone Beauvoir, filósofa francesa, criticou severamente a definição tradicional de gênero. Para ela, ninguém nasce mulher, mas torna-se mulher. Isso quer dizer que ser mulher, por exemplo, depende de uma trama de elementos sociais como influência familiar, da escola, do trabalho, dos grupos sociais e, sobretudo, das características físicas e psicológicas de cada um. Dessa forma, o ideal é que cada indivíduo se identifique com um gênero e seja respeitado por isso.  Enfim, é preciso conscientizar a população brasileira que é incabível a desmoralização do outro por sua identidade sexual ou de gênero. Para isso, é fundamental que a família e a escola, enquanto instituições pioneiras na socialização do indivíduo, busquem reconstruir os papeis sociais, instruindo que sem o respeito é impossível ter paz e bem-estar. Também, a mídia deve aclarar que somos todos iguais perante a lei e que o respeito à diversidade deve ser atribuição de todos. Com efeito, a aceitação será cada vez mais possível.