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Enviada em: 09/10/2017

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos para não transmitir a nenhuma criatura o legado da miséria humana. Talvez hoje percebesse acertada sua decisão: a postura de descaso das pessoas em relação a questão de gênero e opção sexual é uma das faces mais perversas de uma sociedade individualista, preconceituosa, patriarcal e opressora. Reverter esse quadro e promover o debate entre os jovens nas escolas é uma necessidade e um desafio para um país que se diz tão plural.       Em primeiro lugar, vale apontar as desigualdades de poder sofridas pelas mulheres. O site IG aponta que 90% das esposas fazem sozinhas as tarefas domésticas, e conforme o Instituto Locomotiva, 30% dos homens acham justo terem menos cargos femininos de chefia. Referente aos dados, é possível afirmar a intensa presença do machismo, e deduz este decorrente da naturalização, costumes injustificáveis inseridos implicitamente e normalizados pela sociedade, como define as Ciências Sociais. Entretanto, essa realidade pode ser revertida pela educação, pois ela modifica expectativas e, como defendeu o psicólogo William James, o ser humano altera sua vida mudando sua atitude mental.    Somado a isso, muitos brasileiros ainda são resistentes aos direitos sociais e políticos dos homossexuais. De acordo com o Grupo Gay da Bahia, 2016 teve recorde de homicídios da classe LGBT (lésbicas,gays,bissexuais e travestis), registrando cerca de 330 mortes. Com base nisso, constata-se que assassinatos estão ocorrendo apenas porque aquelas pessoas não seguem tradicionais relações, sendo importante medidas estatais para desintegrar esses padrões, já que o resultado mais sublime da educação é a tolerância.      Destarte, faz-se necessária uma alteração na grade curricular das instituições de ensino, com o intuito de inserir um ensino mais reflexivo em torno da diferença de gênero e diversidade sexual. Por isso, o Ministério da Educação deve solicitar às escolas que ministrem nas matérias Humanas sobre os gêneros e as mais variadas formas de relação, trabalhando com os alunos a prática do altruísmo, com o propósito de, sensibilizados, passem a questionar sobre condutas normatizadas às mulheres e homossexuais. Ademais, a conscientização também é papel da família, portanto, as escolas, através dos professores, devem promover, com o convite de comparecimento para os pais, rodas de discussão acerca do tema e palestras de como auxiliar os filhos na formação de um caráter tolerante às diferenças.