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Enviada em: 27/10/2017

Em 2014, o gênero neutro foi reconhecido na Austrália e os cidadãos australianos passaram a poder ter seu sexo não especificado em seus registros. O caso foi centrado em Norrie, que não se identificava nem como homem e nem como mulher e que começou uma luta para que isso fosse aceito no país . Uma situação semelhante está longe de acontecer no Brasil, pois sempre houve uma rejeição de debates sobre diversidade de gênero e sexualidade. Consequentemente, criou-se uma cultura de preconceito contra as pessoas transgeneras e não-binárias, que acabaram sendo marginalizadas e excluídas da sociedade.   Segundo a filósofa Judith Butler, o gênero é socialmente construído ao decorrer da vida de uma pessoa. Sendo assim, um aspecto relacionado à sua identidade. Esse pensamento vai contra os dogmas das religiões cristãs, que abrangem a maioria da população, nas quais há uma visão que limita o papel do masculino e do feminino somente ao sexo biológico do indivíduo. Por isso, debates sobre a temática continuam sendo rejeitados, principalmente nas escolas, pois os pais dizem que não querem que seus filhos sofram uma doutrinação.   Esta falta da abordagem do assunto transforma a escola em um lugar tóxico para as pessoas trans, que na maioria das vezes acabam abandonando os estudos. Deste modo, a desinformação segue alimentando o preconceito nas pessoas, o que em alguns casos acabam chegando a níveis extremos de acordo com um levantamento do GGB (Grupo Gay da Bahia), em 2016 houve 347 pessoas LGBTs foram assassinadas, sendo que a população trans corresponde a 42% das mortes.   Além dos atos de crueldade, convém destacar que, o preconceito também faz com que essa minoria seja socialmente excluída, não ganhando espaço nas universidades e no mercado de trabalho. A baixa escolaridade acarreta na falta de qualificação profissional, criando, assim, uma barreira para a empregabilidade. O resultado é a marginalização, que faz com que as pessoas trans acabem na informalidade e na prostituição.   Portanto, fica evidente que é preciso abrir um maior espaço para as pessoas trans na sociedade e quebrar o tabu em volta do tema. O Ministério do Trabalho deve investir em um projeto de inclusão de pessoas trans no Programa Jovem Aprendiz, que não cobra uma qualificação prévia e que visa capacitar e introduzir os participantes no mercado de trabalho. Além disso, é necessário criar espaços para discussões nas escolas sobre diversidade de gênero, através de palestras de especialistas, e colocando o assunto mais presente nas aulas e nos materiais didáticos visando amenizar o preconceito das pessoas e construir uma sociedade que respeite a diversidade.