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Enviada em: 03/11/2017

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”. Segundo Simone de Beavouir, filósofa existencialista, a definição de ser homem ou mulher vai além de um fator biológico, isto é, o indivíduo pode apresentar uma diversidade de gênero. Nesse viés, embora a Constituição Federal de 1988, no artigo 7º, assegure a isonomia cidadã diante de qualquer violação discriminatória, nota-se que atos de intolerância sexual frente aos LGBT's pairam no cenário brasileiro. Desse modo, deve-se analisar como a herança histórico-cultural e à omissão dessa temática no ambiente escolar fomentam tal opressão no país.       Em primeiro plano, percebe-se que de maneira análoga às rochas sedimentares, a problemática supracitada consolidou-se gradativamente via diminutos constituintes. Isso decorre desde o processo de colonização no Brasil, século XVI, no qual a Igreja Católica impôs uma ideologia machista com o modelo familiar patriarcal ao estabelecer diferenças de comportamentos ora ao homem, ora à mulher. Prova disso são às atribuições das cores, padrões de vestimentas e, até mesmo, determinação dos brinquedos, na qual a boneca pertence à menina e o carrinho ao menino. A sociedade, então, por tender a incorporar estruturas de sua época, conforme defendeu o sociólogo Pierre Bourdieu, não somente naturalizou esse pensamento, bem como o reproduziu ao longo das gerações e, consequentemente, condenou aos que não adotassem tais padrões.      Atrelado a isso, destaca-se, ainda, como a omissão da discussão dessa temática no ambiente escolar agrava o problema. Isso é devido ao modelo pedagógico vigente, que ao invés das disciplinas voltadas apenas para resolução de provas, não promovem o ensino de valores éticos e morais básicos, nos quais norteiam as relações interpessoais, no conteúdo programático. Nesse sentido, a razão, conforme defende o filósofo Habermas na "Teoria da Ação Comunicativa", não pode ser imposta monologicamente, ou seja, deve-se haver o diálogo ao consenso. Por consequência disso, atos associados ao ódio e à violência são recorrentes e configuram à evasão escolar dessa minoria. À vista disso, conforme dados do Grupo Gay da Bahia, a cada 25 horas, uma pessoa LGBT é morta no Brasil.  Fica claro, portanto, que medidas urgem a fim de que a diversidade de gênero deixe de ser um assunto velado no tecido social. Logo, cabe à indústria cultural, difusora de informação, propor influências em propagandas, novelas, na música- como o ícone Pabllo Vittar- em prol do combate ao preconceito e conquista da equidade jurídica e social. Ademais, o Ministério da Educação, em sinergia com as escolas, deve promover debates, palestras e uma nova disciplina com teor ético-moral para incentivar, às crianças e às famílias, o convívio e à aceitação ao diferente. Assim, os pressupostos de Beavouir poderão, de fato, ser potencializados e garantir uma sociedade brasileira mais livre, justa e igualitária.