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Enviada em: 01/11/2017

No romance 1984, o escritor George Orwell cria uma sociedade infernal. Ou seja, um organismo social que controla todos os atos, gestos, palavras e pensamentos dos indivíduos. Há a figura do Big Brother (O Grande Irmão), que, pela mentira e pelo medo, domina o estado de espírito da população. Em uma analogia à narrativa de Orwell, compreende-se que ao discutir-se sobre a diversidade de gênero no Brasil, a ficção imita a realidade, uma vez que, assim como na obra, a mídia pode gerar a dominação de consciência e a imposição de uma cultura, como a cultura de padronização.     É imprescindível, em uma primeira abordagem, compreender as analogias implícitas em um dos romances mais citados do século XX. A partir desse contexto, cabe analisar que, na obra, ninguém viu o Grande Irmão em pessoa, ou seja, o tirano mais dominador é, também, o mais abstrato, semelhante ao controle que a mídia pode exercer na sociedade. Em harmonia ao enredo literário, pode-se afirmar que, na obra, o personagem ficcional Winston sofreu torturas físicas e psicológicas por ser considerado diferente daquilo que o sistema havia imposto, assim, ao trazer para a realidade, é possível identificar atitudes parecidas para com as pessoas que são consideradas fora do padrão de gênero da sociedade atual, culminando na homofobia, que varia de agressões fíicas à morte. No entanto, não é aceitável que ainda exista um regime que estimule a subjugação de um, em detrimento de outro, o que deve, pois, ser repudiado em uma democracia.     Nessa perspectiva, cabe avaliar os efeitos desse processo, à luz da concepção sociológica de Zygmunt Bauman. Segundo o pensador, na obra "Modernidade Líquida", o individualismo é uma das principais características da modernidade e, por conseguinte, o egoísmo e a liquidez nas relações sociais leva uma parcela da população a ser incapaz de tolerar as diferenças. Esse problema se destaca em áreas específicas no Brasil, onde, apesar de ser considerado "O país da diversidade", há quem exija do outro a mesma postura daqueles que dela divergem. Assim, um caminho possível para combater a intolerância nas questões de gênero é, primeiramente, desconstruir o principal problema da atualidade: o individualismo.     A fim de garantir, portanto, a harmonia social, são necessárias transformações na sociedade. O Estado deve, pois, fazer uma intervenção educativa, nas escolas, por meio de cartilhas e ensinamentos sociológicos obrigatórios, para que os indivíduos compreendam que a diversidade existe e deve ser respeitada. Além disso, vê-se a mídia um potencial para ser usada como canal disseminador de ideias que causem engajamento social e efetiva participação da população na discriminação de pensamentos desrespeitosos. Com essas ações acredita-se que o alerta ficcional de Orwell possa ser compreendido. estado de espírito da população não seja dominado pelo individualismo.