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Enviada em: 02/11/2017

“Ninguém nasce mulher torna-se mulher”, a  frase de Simone de Beauvoir—feminista francêsa-- nunca esteve tão evidente quanto nos dias de hoje. Todavia, ainda existe muito preconceito e  violência contra os transgêneros- identidade diferente ao sexo biológico. Mas o impacto nos hábitos e costumes da sociedade diante da diversidade de gênero veio para ficar, seja na mídia, cultura, universidades e mercado de trabalho se apresentam como uma verdadeira revolução.   Segundo pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança, realizada pelo instituto Datafolha e divulgada no Dia Internacional da mulher, mostrou que 3 % ou 1,4 milhões delas são vítimas de espancamento ou estrangulamento e 1% levou pelo menos um tiro. Isso evidencia que, no Brasil, a iniciativa de assumir uma identidade e estereótipo feminino tendo nascido homem é conduta de risco. Vice-versa, quando se muda o nome social— diferente ao do nascimento — para o masculino, o perigo continua, pois, como mostrou a grande mídia, na novela A Força do Querer, a atriz Carol Duarte interpretou a personagem Ivana que se transformou em Ivan. Daí em diante, sofreu rejeição da família e de muitos, foi espancado e encontrou dificuldade, para vivenciar sua nova rotina como homem, desde a procura por banheiros e escolas, até um novo relacionamento amoroso.     Apesar do impacto da violência e os olhares preconceituosos contra os transgêneros, hoje se vivencia grande revolução social quanto a diversidade de gênero. Na cultura, seja na música com a nova estrela Pabllo Vittar e seus milhões de seguidores no Brasil e o sucesso das séries “Orange is the New Black” e “Sense 8” da Netflix, observa-se uma aceitação jamais vista na sociedade. Isso acaba por trazer mais cidadania e proteção social, como a inserção no mercado de trabalho e universidades através do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) na Receita Federal e o Enem que já permitem o uso do nome social. O Estado Brasileiro também reforçou a atitude contra a discriminação desse grupo através do projeto de lei --PLC n.º 122/06- aprovado pelo Senado Federal.   Diante do exposto, verifica-se uma grande transformação social ocorrida nas últimas décadas em relação a diversidade de gênero. Já em 1990, a filósofa americana Judith Butler publicou o livro "Problemas de Gênero", no qual dizia ser o gênero não um atributo fixo, mas sim mutante e intencional construído ao longo dos anos. Nos dias atuais é notável a contribuição das pessoas transgêneros na cultura e outras áreas, mas é preciso que tenham maior proteção para que não sofram violência e tenham seus direitos respeitados. Isso poderia ser feito nas escolas através de palestras sobre o tema, administrados por quem use nome social e também com aplicação de penas maiores para aqueles que atentem contra sua integridade física e moral garantida pelo Ministério da Justiça.