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Enviada em: 04/07/2018

A série americana "Sense8", produzida pela Netflix, retrata, durante a trama, as configurações que a sociedade pode assumir no que se refere à identidade de gênero, isso é, a forma como alguém enxerga-se no meio social. Sabe-se que o sexo biológico, aquele que tem como base o órgão sexual não é, necessariamente, equivalente à forma como o indivíduo se identifica. Tal ideia mostrada pelo entretenimento, é uma realidade em todo o mundo, mas, ainda, encontra obstáculos. No Brasil, por exemplo, por mais que direitos tenham sido conquistados, há desafios notáveis no que tange à aceitação dos grupos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros).     De acordo com Judith Butler, filósofa estadunidense, cada pessoa deve ser responsável por escolher o gênero a que quer pertencer, devendo ser respeitada e acolhida pela lei. Sobre essa temática,pois, pode-se destacar, por exemplo, o avanço trazido pela resolução sobre casamento civil, de 14/05/2013, responsável por permitir uniões homoafetivas em quaisquer cartórios nacionais. Essa medida, além de inserir o grupo LGBT, antes excluído do direito do casamento, mostra que avanços, mesmo que lentamente, estão sendo alcançados pela Justiça brasileira.     No entanto, os desafios enfrentados por essa minoria social ainda são relevantes. Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, ao analisar a sociedade, caracterizou-a como "líquida" com o objetivo de mostrar que o individualismo, cada vez mais intenso, faz com que as relações sociais tornem-se fracas. Sendo assim, ao se analisar a ideia do pensador na atualidade, é possível perceber que ela se aplica quando a perda do senso coletivo/ social cria mecanismo para a propagação de ódio contra as minorias. Dados divulgados pela ONG Transgender Europe (TGEu) em novembro de 2016, por exemplo, mostram que ocorreram ao menos 868 assassinatos de travestis e transexuais nos últimos oito anos no Brasil; número que evidencia um perfil intolerante, individualista e violento de parte dos brasileiros.    Dessa forma, e necessário que medidas sejam tomadas para melhor inserir e resguardar o cidadão, dando-lhe direitos que independam da sua identidade de gênero. Em primeiro lugar, cabe à escola, importante instituição social, por meio de palestras e debates, abordar a questão da diversidade de gênero, enfatizando a necessidade de respeito ao próximo, a fim de desconstruir atitudes e pensamentos intolerantes durante a formação educacional do jovem. Além disso, quando a agressão se concretiza, o Estado deve possuir mecanismos que amparem a vítima. Para isso, é necessário que o Poder Legislativo crie leis rígidas contra a violência de caráter homofóbico, cabendo ao Executivo colocá-las em prática, fazendo com que agressores sejam detidos e que as vítimas sejam amparadas pela ajuda do Estado, tal como acompanhamento psicológico para reestruturação emocional.