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Enviada em: 16/04/2018

Gênero e identidade: muito além da questão homem e mulher.       O conceito de gênero denota uma diferenciação. A lógica ocidental tradicional trata o tema como uma divisão binária, ou seja, em dois opostos: masculino e feminino. Essa questão, no entanto, vai muito além do sexo definido biologicamente e refere-se à identidade com o qual uma pessoa se identifica ou se autodetermina, podendo ser compatível com o sexo (cisgênero) ou não (transgênero). A diversidade de gênero no mundo contemporâneo, no entanto, sofre represália dos fundamentalistas que, influenciados pelo histórico cultural e pela falta de informação, dificultam a superação do preconceito.        As fortes influências do período colonial, muito ligadas ao patriarcalismo e ao conceito conservador de gênero, perpetuam, mesmo após séculos, na mentalidade social e tem intrínseca ligação com a atual intolerância de diversidade de gênero. Prova disso são os dados publicados pelo Grupo Gay Brasil que mostram que o Brasil se apresenta no topo do ranking de mortes de transexuais no mundo. Os dados escancaram o cenário de barbárie contra esse segmento da população, violando o direito à vida e impossibilitando o pleno exercício da cidadania.       Se não bastasse a influência histórico-cultural, a falta de informação e da compreensão sobre as questões relacionadas a diversidade de gênero pela população geram um quadro de desinformação que impedem o reconhecimento dos transgêneros como sujeitos no mundo social. O preconceito, muitas vezes, começa no próprio indivíduo, que não compreende o descompasso entre seu sexo e sua identidade, passando pelas famílias, pela população e Estado que, sem prévia informação, não conseguem promover, administrar e lidar com os múltiplos gêneros.       Nesse ínterim, medidas são necessárias para permitir a inclusão e a diversidade. Convém, portanto, que, primordialmente, o Estado, gestor dos interesses coletivos, crie campanhas de conscientização à população, disponibilize delegacias especializadas no combate à violência aos transgêneros, além de impor leis específicas mais rígidas e punições mais severas para aqueles que não as cumprem. Soma-se a isso, a importância da escola, educadora, em promover o debate em aulas de Sociologia sobre a problemática com o fito de despertar o senso crítico dos alunos. Sob tal perspectiva, poder-se-á promover uma nação que respeite todos os gêneros.