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Enviada em: 24/04/2018

O tráfico de seres humanos existe desde a Antiguidade clássica quando os prisioneiros de guerra eram mantidos como escravos. Mas foi entre os séculos XIV e XVII, durante o período Renascentista, que a prática ganhou uma característica mercantilista ao tratar os indivíduos como produtos de comércio. Ainda, o cenário atual não se distancia do tráfico negreiro ensejado durante a colonização no Brasil com trabalho escravo pois, segundo a Secretaria Nacional de Justiça, há mais pessoas em situação de escravidão atualmente do que já foi registrado na história da humanidade e, dessa maneira torna-se visível a necessidade do combate ao tráfico de pessoas.       Em primeira análise, há uma explicação multifatorial para a ocorrência desta modalidade de crime e, entre todas, destacam-se a ausência de oportunidades de trabalho e a discriminação de gênero. Ao que diz respeito a primeira, quando o Estado não oferece oportunidades trabalhistas suficientes, as chances dos criminosos aliciarem pessoas que se encontram vulneráveis com a esperança de melhorar a sua condição de vida aumenta. Além disso, dados divulgados pelo site Politize mostram que as mulheres, consideradas o gênero mais frágil, têm sido a maior parte das vítimas — frequentemente destinadas à exploração sexual e, das 241 rotas do tráfico que existem no Brasil, a maioria se encontram em regiões com maiores índices na proporção de pobreza, como a região Norte e Nordeste.       Em segunda análise, é relevante destacar o que propicia a pratica desse crime, pois de acordo com a OMT (Organização Mundial do Trabalho) o tráfico humano movimenta cerca de 32 bilhões de dólares. Nesse sentido, o principal meio de recrutamento das vítimas pelos criminosos é realizado, principalmente, por meio de fraudes e persuasão através da internet, com relacionamentos a distância - onde a vítima viaja para conhecer o parceiro - ou por propostas falsas de emprego.  Além da internet,  o que também facilita o crime são  as fronteiras extensas, como no Brasil, na qual a fiscalização é precária e funciona como rota de passagem para alcançar o destino de exploração das vítimas.        Em vista disso, constata-se a urgência do combate ao tráfico humano que perdura na humanidade há seculos. Para isso, como o Brasil já recepcionou a Convenção de Palermo e aprovou o Protocolo de Combate ao Tráfico de Pessoas em 2004, o Governo Federal agora deve promover empregos de qualidade no país, por meio de programas de formação profissional como o Pronatec, com parcerias com o setor privado para verificar as áreas que mais precisam de treinamentos e facilitar o acesso dos alunos a postos de estágio e trabalho, a fim de que mais pessoas tenham oportunidades trabalhistas e sejam menos vulneráveis à falsas propostas oferecidas por criminosos. Ainda, deve investir em mais fiscalização nas fronteiras e realizar eventos de conscientização sobre a existência desse tipo de crime.