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Enviada em: 30/04/2018

A novela "Salve Jorge", exibida pela rede globo no ano de 2012, retratou, nos lares brasileiros, o dilema enfrentado por mulheres que foram submetidas à propostas tentadoras e tornaram-se vítimas do tráfico internacional de pessoas. Assim como na trama, o tráfico humano precisa ser combatido. Logo, poder público e coletividade devem unir forças para enfrentar não somente a fiscalização ineficiente, mas também a falta de debate sobre esse crime que viola os direitos humanos.       Apesar da lei 13.344/2016 representar o marco legal do combate ao tráfico de pessoas, a mesma sem a intensiva fiscalização mostra-se pouco eficiente no enfrentamento do problema. Prova disso é que, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho, o tráfico humano foi responsável por mais de 40 milhões de casos de pessoas submetidas a trabalho forçado e escravidão moderna em 2017. Esse número, portanto, mostra a necessidade de fazer a lei "sair do papel" e de colocar na prática medidas de fiscalização mais invasivas tanto na questão territorial quanto nas redes sociais - pelas quais o crime também está, significativamente, sendo ampliado, segundo a Organização Internacional para as Migrações.       Além disso, a falta de conscientização e alerta sobre as diversas formas do tráfico humano não ajuda em nada no combate dessa ilegalidade. De acordo com Zygmunt Bauman, sociólogo polonês falecido no ano passado, nenhuma sociedade que se esquece da arte de questionar pode esperar encontrar respostas para as adversidades que a afligem. Nessa perspectiva, a tomada de consciência sobre a realidade do tráfico somada à questionamentos e atitudes que impedem que a vítima em potencial se torne efetiva são fundamentais. Para isso, é preciso escancarar à população que o tráfico de pessoas e o trabalho escravo não estiveram presentes somente no século XIX e , posteriormente, extinguiram-se. E que em pleno século XXI essa barbaridade, que há tanto tempo viola a dignidade humana, ainda se faz presente.       Urge, destarte, que instituição públicas e sociedade cooperem para mitigar o tráfico de pessoas.Para tanto, cabe ao Ministério dos Direitos Humanos, em parceria com as forças policiais, por meio de cursos de capacitação, profissionalizar o número suficiente de policiais, para que eles ajam de modo rápido e eficiente na fiscalização das fronteiras e das plataformas digitais.Ademais, o Ministério da educação deve intensificar campanhas publicitárias, através das diversas mídias sociais, com o objetivo de conscientizar a população sobre a inaceitável existência do tráfico humano, além de instruí-la sobre como identificar e proceder nos casos de recebimento de propostas tentadoras.