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Enviada em: 29/04/2018

Durante a segunda geração modernista brasileira, Carlos Drummond de Andrade redigiu, em 1928, suas célebres palavras “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho”. Talvez, hoje, o autor percebesse acertada sua escrita ao analisar o persistente problema do tráfico de pessoas, causado tanto pelo individualismo, quanto pelo descumprimento constitucional, que infelizmente atinge a população. Indubitavelmente, os seres humanos são fortemente influenciados pelo meio social em que estão inseridos.     Nesse sentido, a convivência em uma nação marcada por ações ocasionadas pelo pensamento individualista a respeito dos inúmeros casos de pessoas sequestradas e vendidas para a prostituição, produzirá nos novos indivíduos uma tendência a ter esse mesmo tipo de comportamento perante o problema. Tal afirmação encontra respaldo na obra “Modernidade Líquida”, escrita pelo sociólogo Zygmunt Bauman, que defende o individualismo como uma das principais características e a maior hostilidade da pós-modernidade. Logo, o individualismo é, inevitavelmente, a causa da perpetuação do tráfico de pessoas.        Ademais, o descumprimento dos objetivos constitucionais contribui para a persistência do problema. De acordo com o artigo terceiro da Constituição, um dos objetivos fundamentais do Brasil é “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Todavia, os numerosos casos de tráficos de pessoas diários demonstram, com nitidez, que a nação brasileira está longe de atingir o referido objetivo constitucional.        É evidente, portanto, que o tráfico de pessoas atinge boa parte da população com enfoque em mulheres. Dessa maneira, ao Ministério da Educação pertence o dever de gerar um projeto para ser produzido nas escolas o qual promova palestras, apresentações artísticas e atividades divertidas a respeito do cotidiano das pessoas que foram traficadas para outros países para serem prisioneiras. - Uma vez que intervenções culturais em conjunto têm imenso poder progressista – com a finalidade de que a comunidade escolar e a sociedade nos meios de interação- por conseguinte - conscientizem-se. E, assim, poderá se retirar a pedra do caminho do desenvolvimento sociocultural brasileiro se atingir o tão sonhado respeito mútuo no Brasil.