Materiais:
Enviada em: 29/04/2018

No prelúdio da contemporaneidade, o tráfico de pessoas tem colocado em xeque o ideário de um mundo desenvolvido e humano. Por esse viés, a mercantilização do ser humano cristaliza a prática . Somado a isso, a “era digital” instituiu meios propícios- como as redes sociais- para a perpetuação do paradigma do tráfico de pessoas.       A contemporaneidade traz em seu bojo a ótica da comercialização do ser humano , a sua descaracterização como individuo e transformação em mercadoria como predito por Karl Marx em sua teoria da reificação. Nesse contexto ,o tráfico de pessoas está assentado sobre a pedra angular desse ideal , pois baseia-se na alta rentabilidade do comércio de pessoas- que são tidas como mercadoria- para diversos fins , como exploração sexual, venda de órgãos e trabalhos compulsórios, sendo o primeiro a face mais comum e nefasta deste mercado. Dessa forma, a superação do tráfico de seres humanos é basilar no estabelecimento de um mundo mais humano.           Indo mais nessa reflexão, as redes sociais , devido a limitada possibilidade de controle , tornaram-se ferramentas de recrutamento de possíveis vítimas do tráfico. Segundo dados da Oxfam, do total de vítimas do tráfico de seres humanos a partir de 2005 , cerca 62 % foram aliciadas pela internet através de uma proposta de emprego com bom salário e ao chegarem ao local são mantidos em situações subumanas e obrigados a trabalhar .Sob essa égide , a internet ajuda a encurtar a distância entre os traficantes e as pessoas em situação de vulnerabilidade social, contribuindo para o panorama crítico do tráfico de seres humanos na hodiernidade. Logo, a desarticulação do tráfico perpassa , necessariamente , pela internet.          Parafraseando o sociólogo Zygmund Bauman, o tráfico de pessoas para além de um problema social é um problema humanitário. Partindo da visão do autor, é necessária a resolução do paradigma para a construção de um mundo mais pleno. Para tanto, os Estados devem se reunir para estabelecer critérios mais rígidos de regulamentação e identificação de casos de aliciamento de tráfico de pessoas ; os governos devem criar programas que assistam pessoas em situação de vulnerabilidade e ofereçam oportunidades de ascensão às mesmas; a mídia , o quarto estado, deve veicular campanhas informativas que alertem a população acerca de técnicas utilizadas pelos traficantes para atrair novas vítimas. Somente assim, o tráfico de pessoas será uma página virada na história da humanidade e construir-se-á um mundo mais genuíno.