Enviada em: 25/02/2018

Apesar de Voltaire, no século XVII, afirmar que a liberdade é o maior de todos os bens, desde a Antiguidade Clássica o tráfico humano ocorre para fins de trabalho degradante, e o lucro ultrapassa o valor da dignidade humana.Entretanto,levantar apenas as raízes econômicas desse crime é desconsiderar as falhas sociais para a inclusão de seus membros, os quais tem nas suas aspirações de qualidade de vida o principal alimento do tráfico.Nesse viés, a invisibilidade é crescente e corrobora para a expansão das novas modalidades dessa violação aos direitos humanos. Nesse ínterim, é preciso ressaltar, antes de tudo, como os fatores socioeconômicos catalisam a ambiência propícia ao tráfico.Prova disso, está nas estatísticas que mostram o perfil vulnerável das vítimas, seja pelos casos em busca de empregos, seja por tentativa de fuga da violência doméstica, como o abuso intrafamiliar.Assim, é notório como as escassas oportunidades trabalhistas impulsionam o ciclo de violência rumo à escravidão sexual ou exploração na indústria têxtil, por exemplo. Acresce-se a isso,a importância de retratar como os fatores políticos e culturais fomentam potencialmente o tráfico de pessoas.Destarte,o patriarcalismo, a homofobia e a iniquidade de etnias configuram a força motriz para buscar novas realidades de vida,fato que reflete a inadequação dos indivíduos ao meio que os marginaliza.Esses,por conseguinte,se tornam fáceis aliciados para o tráfico de órgãos e casamentos servis, modalidades apoiadas por uma legislação branda. Faz-se necessário, portanto, a sinergia dos setores sociais combater o tráfico humano.Para tanto,os líderes municipais,aliados às instituições profissionalizantes, devem oferecer bolsas para a população mais vulnerável, com o fito de capacitá-la ao emprego e evitar a busca por trabalhos internacionais.Em consonância, a mídia deve retratar o tema, para conferir visibilidade, enquanto as ONGs agem em oficinas para o exercício da tolerância, e a polícia civil é capacitada e massificada para identificar as vítimas.Assim,o maior dos bens, para Voltaire, será garantido.