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Enviada em: 05/06/2018

Retratada como objeto de desejo de pastores durante o Arcadismo, idealizada e tida como frágil pelos autores Românticos e comparada a animais no contexto do Naturalismo, a mulher sempre foi referida nas obras literárias brasileiras. No entanto, somente no Modernismo ela passa a ter voz e, pela primeira vez na história do país, figuras femininas como Anita Malfati e Tarsilla do Amaral equiparam-se a grandes nomes masculinos. Contudo, apesar da isonomia no cenário artístico, ainda há muito o que ser conquistado por ambos os sexos para que se solidifique a completa equidade entre os gêneros.        Nesse contexto, o problema da desigualdade tem raízes antigas e reflete no mercado de trabalho atual. Dessa forma, a partir de uma análise histórica, é possível perceber que desde o período Neolítico a função de caça, pesca e coleta sempre foi incumbida ao homem, enquanto a mulher, por sua vez, devia se dedicar aos seus filhos e cuidar da moradia. Nesse viés, pode-se notar que o papel social de homens e mulheres aplicado na pré-história, apesar de arcaico, parece atemporal. Hodiernamente esse pensamento submete a mulher a uma série de desigualdades cujo reflexo, no caso brasileiro, pode ser percebido na deficiência da representatividade destas em ambientes empresariais uma vez que, segundo dados obtidos em 2016 pelo Fórum Econômico Mundial, o número de homens empregados era 20% superior ao de mulheres na mesma situação.        Partindo de uma outra vertente, se por um lado a figura feminina é prejudicada no contexto empresarial, por outro, o homem enfrenta dificuldades no âmbito das leis que favorecem a família. Nessa circunstância, observa-se a discrepância no que diz respeito às licenças maternidade e paternidade, asseguradas da Consolidação das Leis do Trabalho, tendo a primeira duração de até seis meses e a segunda de, no máximo, cinco dias. Tal fato ocasiona uma maior dificuldade da presença paterna no estágio de desenvolvimento infantil e faz com que o gênero masculino fique defasado ou até mesmo difamado em detrimento do gênero feminino no cenário familiar.         Mediante o exposto, faz-se necessária a adoção de medidas que solucionem o problema vigente. Destarte, cabe ao Governo Federal criar políticas de igualdade com o intuito de garantir ao homem o direito de acompanhar a fase inicial da vida de seus filhos para que não haja prejuízo nas relações parentais. Outrossim, é necessário que o Estado se preocupe com a representatividade da mulher no cenário trabalhista e estabeleça ações afirmativas que estipulem um número mínimo destas nas empresas estatais, a fim de reduzir o número de brasileiras fora do mercado de trabalho. Quem sabe assim, como na literatura, a sociedade brasileira caminhe rumo ao “modernismo” ao garantir a equivalência entre os gêneros.