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Enviada em: 29/09/2018

Em um estudo etnográfico realizado na Argélia pelo pensador Pierre Bourdieu, a sociedade dos povos Cabila é pautada em um princípio androcêntrico ordenador - em que os sexos masculino e feminino são assimétricos, sendo o homem visto como hierarquicamente superior. Apesar de parecer uma concepção incompatível com o século XXI, a desigualdade de gênero ainda é uma questão que aflige a Nação e que carece de intervenções sociogovernamentais no que tange à garantia da igualdade dos sexos.       Ainda em Bourdieu, sua obra “A Dominação Masculina” retrata a questão da violência simbólica, que pode ser entendida como a manutenção de uma relação desigual de poder que comporta a aceitação dos grupos dominados e esta, por sua vez, não é necessariamente uma concessão consciente e deliberada. A título de ilustração, esse tipo de violência pode ser constatada desde a infância, quando cores são atribuídas como “de menino” e “de menina”, bem como brinquedos associados a tarefas domésticas são dados às garotas. Ademais, as escolas também contribuem para essa segregação dos sexos quando as brincadeiras lúdicas utilizam esses passatempos em suas atividades.       Ressalte-se, ainda, a subvalorização do trabalho feminino no mercado de trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2018, a mulher ganha cerca de 25% a menos do que o homem, mesmo possuindo mais diplomas de nível superior. Essa reprodução sutil da consagração do masculino sobre o feminino é, hodiernamente, naturalizada na sociedade e reforça a ocorrência da disparidade entre os sexos. Isso explicita, também, a ineficácia do Poder Público em fazer valer os dispositivos legais, como a Carta Magna de 1988, que afirma que todos os cidadãos são iguais.       Urge, portanto, que medidas sejam tomadas com o fito de promover a garantia da igualdade de gênero no Brasil. Assim, cabe ao Ministério da Educação promover debates, palestras,campanhas educativas e reuniões com os pais para que ocorra a conscientização, por parte tanto da escola quanto da família, de que a atribuição de cores e tarefas a determinado sexo são fatores que ocasionam a assimetria entre os sexos. Destarte, esse tipo de atribuição será combatida, diminuindo a problemática. Outrossim, com o propósito de obter a igualdade salarial entre pessoas de gêneros diferentes e que exercem a mesma função, o Poder Público deve fiscalizar periodicamente os empregadores, aplicando ações cabíveis em caso de descumprimento dos preceitos de igualdade da Constituição brasileira. Isso posto, ocorrerá a paridade salarial o que,por consequência, combaterá a subvalorização do gênero feminino e corroborará a igualdade de gênero no século XXI.