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Enviada em: 30/09/2018

O conceito de gênero tem sido fortemente questionado nos últimos anos e de acordo com frentes progressistas é mais do que a distinção biológica, trata-se de diferenças construídas socialmente. De comum acordo com essa ressignificação, a antropóloga Margaret Mead afirma que a distribuição dos papéis entre os sexos está relacionada à cultura, opondo-se à visão retrógrada de que a mulher é responsável pelos filhos e o homem é dominante. Entretanto, mesmo após a conquista de muitos direitos, a igualdade de gênero não é uma realidade para as mulheres.        Em primeira análise, um dos fatores que refletem esse desequilíbrio é a disparidade entre os salários de homens e mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, essa diferença pode chegar à 23,9%. Entre as justificativas  apontadas está a maior capacitação dos homens. No entanto, isso não é uma realidade, umas vez que o índice de escolaridade da mulher é maior em todas as etapas de estudo e em todas as faixas etárias de acordo com informações do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o que só reafirma a presença de um pensamento machista na sociedade que subjuga a mulher.        Além disso, a descriminação ultrapassa a esfera do mercado de trabalho, afetando a vida e a segurança dessas mulheres dado os alarmantes índices de violência contra essa parcela da população. Em 2017, o Atlas da Violência registrou 4,6 mil feminicídios no Brasil, que são os assassinatos de mulheres cometidos em razão do gênero. É válido destacar que 40% deles foram praticados dentro de suas próprias casas por companheiros ou ex-companheiros, o que revela, mais uma vez, a cultura misógina existente de completo desprezo por essas cidadãs e suas vidas.        Logo, é inegável a necessidade de suprimir o preconceito e de se empregar a igualdade entre homens e mulheres. Para isso, é preciso que as famílias e as escolas, conscientes da importância dessa problemática, estimulem, desde a infância, uma equidade entre os gêneros, alertando os alunos sobre os malefícios da cultura do machismo. Ademais, cabe ao Estado desenvolver políticas de incentivo à contratação de mulheres, como a de cotas em universidades, bem como de equiparação salarial, de modo a fomentar a presença feminina no mercado de trabalho. Ainda é papel do Estado reforçar o combate ao feminicídio por meio da divulgação de portais de denúncia, como sites e centrais de atendimento, e da punição aos assassinos fazendo valer a Lei do Feminicídio de 2014 e o direito inalienável à vida previsto na Constituição Federal.