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Enviada em: 21/08/2017

O sistema patriarcal, caracterizado pela centralidade do sustento e do poder decisório na figura masculina, o "pater familis", surgiu no Império Romano e tem a capacidade de influenciar relações sociais contemporâneas. Todavia, em pleno século XXI, em um contexto de desconstrução do conceito tradicional de família - formada, arbitrariamente, por pai, mãe e filhos - e de efetivação dos Direitos Humanos, em especial o de igualdade, esse modelo não mais se sustenta.       Inicialmente, pode-se consignar que, apesar das conquistas dos movimentos feministas no último século, equiparações de direitos entre os gêneros ainda representam desafios. Sob essa ótica, mencione-se o fato de a única carreira no país em que as mulheres ganham mais do que homens ser a de modelo, na qual a aparência física é fator determinante, em detrimento de trabalho intelectual. Desse modo, apesar do sexo feminino compor cerca de metade da força de trabalho e do número de eleitores brasileiros sua participação social ainda é limitada pelo esteriótipo de beleza e inferioridade racional. Assim, nota-se a dificuldade de efetivação de direitos dessa categoria como decorrente de sua sub-representação nas principais esferas de debates intelectuais e políticos do país.        Todavia, a igualdade de gêneros somente será plena se houver a equiparação não só de direitos, mas também a de deveres. Nesse sentido, verifica-se que as conquistas femininas de inserção no mercado de trabalho não foram acompanhadas de divisão de tarefas domésticas e familiares, historicamente atribuídas às mulheres, de modo a sobrecarregar esse gênero com duas vezes mais funções, a dupla jornada. Um exemplo clássico de como a mentalidade patriarcal se perpetua foi a recente categorização, nas redes sociais, do apresentador Rodrigo Hilbert como um homem acima da média por cuidar dos filhos e cozinhar, quando a esposa está no trabalho. Assim, é preciso reverter a mentalidade machista de que o homem deve ajudar em casa, pois sua função não deve ser a de auxiliar, mas a de compartilhar tarefas de sua responsabilidade como pai e morador de uma residência.        Por fim, apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito pela equiparação de direitos e deveres de homens e mulheres. Para iniciar a necessária mudança, o Legislativo deve ampliar o percentual legal obrigatório de participação eleitoral feminina, nas candidaturas de partidos e coligações, de 30 para 50 por cento, na tentativa de dar maior representatividade e poder de influenciar as principais decisões políticas nacionais. Conjuntamente, as Secretarias Estaduais de Educação podem inserir nas salas de aulas mais dinâmicas e jogos educativos, nos quais sejam desconstruídos esteriótipos de gênero e seja valorizada, acima de tudo, a sua condição de humanidade. Pois, nas palavras do jornalista Eduardo Galeano, "a primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la".