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Enviada em: 30/04/2018

A língua da dor Piadas machistas travestidas de letras de música.Assédio em transportes coletivos.Olhares insinuantes e comentários impiedosos.A cenas descritas relatam com verossimilhança a realidade da mulher no Brasil contemporâneo.Nessa perspectiva,o fenômeno  da cultura do estupro é apoiado nas bases patriarcais que banalizam e normatizam a violência sexual.Ademais, a extrema culpabilização da vítima revela uma sociedade cada vez mais preconceituosa que impõe limites intransponíveis para figura feminina, evidenciando, assim, o paradigma da desigualdade  de gênero.  Em primeira análise, é importante salientar que a base do pensamento misógino é fruto de uma mentalidade retrógada e violenta. Dessa forma, o conto " A língua do P" ,de Clarice Lispector,retrata a história de Cidinha, moça pura e virgem, que é detida por policiais,pois finge ser uma prostituta para não ser abusada por dois homens.Partindo sessa realidade, a mulher sofre cotidianamente com o abuso da comunidade masculina e , além disso, recebe a condenação de uma sociedade que a objetifica ,bem como aconteceu com a personagem do conto.Outrossim, a impunidade dos agressores revela uma postura hipócrita do meio social, já que as vítimas, ao denunciarem,encontram barreiras nas falácias machistas, tais como : " homem é assim mesmo" e " por que estava usando roupas curtas?".  Em segundo plano, com a disseminação de pensamentos intolerantes, o estupro é considerado um dos únicos crimes em que a vítima é vista como um criminoso.Destarte, o caso que aconteceu na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no qual uma menina de 16 anos foi violentada por mais de 30 homens,gerou uma grande repercussão , mas ao invés de julgarem os transgressores, culpabilizaram a vítima por usar drogas e consentir com o abuso sofrido.Tal realidade é testificada nos atos de uma sociedade que rechaça as mulheres que não estão no parâmetro social.Desse modo, a normatização do estupro torna a mulher mais submissa e impotente diante da coerção nefasta do corpo social.  Portanto, tornam-se imperativas medidas para combater a banalidade da cultura do estupro no Brasil.Logo, a junção do Ministério da Justiça com os representantes do movimento feminista é essencial para a criação de postos especializados na denúncia e no tratamento das vítimas,além do recrudescimento da punição dos algozes e palestras voltadas para discussão do tema em lugares de fácil acesso.Com isso, a proposta tem a finalidade de mitigar as bases patriarcais e a culpabilização da mulher.Nesse viés, o  brutal relato da jovem estuprada em 2016 poder-se-á ser extinto: " não dói o útero, mas a alma".