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Enviada em: 09/07/2019

Compreendida como ação que banaliza, legitima e justifica o assédio contra a mulher, fazendo com que muitos homens se achem no direito de cometer violência sexual, a cultura do estupro é uma prática comum, presente em diversas partes do globo. No Brasil, atualmente, essa cultura é ainda bastante difundida, sobretudo, em função do machismo enraizado em sua sociedade. Assim, muitas são as brasileiras que limitam seu deslocamento diário por receio da provável impertinência, psicológica ou física, praticada pela maioria dos indivíduos do sexo masculino. Dessa forma, por ferir a dignidade e o direito, assegurado pela Constituição brasileira, de ir e vir de todos os cidadãos, a cultura do estupro merece relevância nos debates governamentais, a fim de cessar, imediatamente, sua ocorrência.     Nesse contexto, destaca-se como agente potencializador da cultura do estupro no Brasil, a circulação, nos meios midiáticos, de propagandas que naturalizam as mulheres como objetos sexuais. A título de exemplo têm-se os comerciais de cerveja, que estimulam o consumo da bebida através da objetificação da mulher, colocando-a, quase sempre, seminua e a transformando em um mero produto a ser consumido, especialmente, pelos homens. Diante o seu papel de formadora de opinião, visto que permite o acesso a informações e a conteúdos, ao veicular anúncios desse tipo, a mídia contribui para a difusão da cultura do estupro na sociedade brasileira.     Além disso, outro fator que auxilia na difusão da cultura do estupro é o conservadorismo da família tradicional do Brasil, que, desde cedo, educam de modo distinto indivíduos de sexo diferente, ensinando o menino a ser promíscuo e a menina a ser reservada, vestindo-a roupas que lhe cubram o corpo. Já que, segundo a tradição, caso as moças se vistam com roupas que mostrem os seus corpos, elas não merecem respeito. Desta maneira, com a perpetuação da cultura do estupro, a violência nacional tende a aumentar, visto que quanto maior a normalização desse costume, maior, também, serão os casos de assédio sofrido pelas mulheres. De acordo com dados retirados do portal de notícias "G1", cerca de 86% das brasileiras já foram assediadas. Essa quantidade expressiva de perseguição sofrida pelas mulheres demonstra o quão urgente é a necessidade de por fim à cultura do estupro.     Portanto, cabe ao governo averiguar as propagandas que possivelmente veicularão na mídia, impossibilitando a circulação daquelas que objetificam a mulher e punindo, mediante multa, as empresas que insistirem em realizar anúncios que incitam o assédio. Quanto às instituições escolares concerne a promoção de palestras aos familiares dos seus discentes, a fim de alertar esses responsáveis sobre a importância de educar os filhos de modo igual, independente do sexo, ensinando, principalmente, aos meninos a respeitar o indivíduo do sexo oposto.