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Enviada em: 27/07/2018

Apesar de ser um conceito extremamente complexo e de várias acepções, o antropólogo Edward Tylor definiu cultura como todos os hábitos e capacidade adquiridos pelo ser humano como membro da sociedade, como o conhecimento e a arte. Assim, ela não caracteriza comportamentos inerentes à natureza humana, mas aqueles que são construídos em uma população dependendo do seu meio e contexto histórico. Com isso, da mesma forma que culturas são formadas, elas também podem e precisam ser desconstruídas quando provocam qualquer tipo de violência, como é o caso da cultura do estrupo.         Essa termo é usado para apontar comportamentos sutis ou explícitos de violência sexual, que costumam ser sofridos pelas mulheres e praticados pelos homens, conforme aponta pesquisa feita pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Tais atitudes são resultados da objetificação da mulher, que a enquadra em um papel na ela tem apenas uma função, despertar o desejo sexual no homem. Porém, um objeto não tem opinião ou vontade própria como um ser humano, ele apenas serve o seu propósito e mostra o que é possível de fazer com ele.       Devido a essa mentalidade, são registrados cerca de 50 mil casos de pessoas que foram estupradas todo ano no Brasil, como aponta o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Todavia, o IPEA também prevê que esse número representa apenas 10% dos casos que realmente aconteceram. A baixa taxa de denúncia desse crime é mais um produto da cultura do estupro, a relativização da culpa da vítima, pois, na maioria das vezes, as denuncias de quem sofreu o estupro não são legitimadas pelas autoridades, já que a vítima pode dividir parte da culpa com o agressor  como se certas roupas gerassem um incentivo para a violência sexual.       Além das mulheres, os homens também sofrem em uma sociedade com cultura do estupro, uma que está também tem raízes na cultura do machismo, em que, além de pregar a crença do sexo feminino ser inferior ao masculino, ele estipula um esteriótipo a ser seguido pelos homens. Eles tem que ser bem sucedidos financeiramente e mostrar sua dominância sobre aqueles que julgarem como ordinário. Tais exigências podem submete-los a pressões psicológicas que são capazes de provocar desde crises de ansiedade até mesmo depressão.       Portanto, a cultura do estupro prejudica toda a sociedade e precisa ser combatida para que todos os seus cidadãos sejam respeitados, e não vítimas da violência dessa mentalidade. Para isso, as autoridades públicas precisam proceder investigações nas denúncias de caso do crime de estupro, e o Estado pode incentivar campanhas publicitárias sobre os atos que fazem parte dessa cultura.