Materiais:
Enviada em: 24/07/2018

Entrelinhas impregnadas em um passado      As entrelinhas da colonização brasileira são impregnadas por uma ação tida como natural à época, o estupro. Atualmente, é sustentado por um conservadorismo religioso cristão e por uma sociedade extremamente machista e opressora. Deste modo, por trás de um processo abusivo de colonização, o combate à cultura do estupro perpassa por uma mudança estrutural e comportamental na sociedade.     Nesse ínterim, a obra de Jorge Amado, "Gabriela, Cravo e Canela", denuncia a ação do personagem Jesuíno Mendonça, que posteriormente ficou marcado pelo bordão da adaptação televisiva: "deite que eu vou lhe usar". Essa expressão denota o comportamento machista e opressor, traduzindo o imaginário objetificado da mulher no sistema patriarcal. Além disso, a fala recente do pré candidato à presidência da república, Jair Bolsonaro, direcionado à deputada, Maria do Rosário: "não te estupro, porque você não merece"; revela como esse comportamento ainda está presente na estrutura social.     Outrossim, é a necessidade de representatividade feminina no Congresso Nacional, que atualmente é dominado por uma bancada masculina e conservadora, ignorante às questões primárias de direitos e igualdade de gênero. Por outro lado, a alteração do comportamento social é imprescindível; desde uma educação que pregue valores de igualdade e respeito entre homens e mulheres, assim como o estímulo à denúncia - tanto pelas vítimas, como por testemunhas -, a fim de quebrar a barreira do silêncio.       Portanto, em síntese dos fatos mencionados, faz-se necessário uma intervenção sobre o tema. Para o âmbito comportamental, o Ministério Público deve criar um disque denúncia nacional, que contemple o estupro de adultos, facilitando a delação; paralelo, campanhas publicitárias públicas devem atingir os meios de comunicação com o cunho educativo de valores. Em contrapartida, para a configuração estrutural, o exercício do voto cidadão responsável é o principal caminho para uma mudança de representatividade do Congresso Nacional, que assim, terá forças para criar e aprovar leis direcionadas para o combate à cultura do estupro.