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Enviada em: 29/07/2018

Inocentes, mas culpadas                               Segundo Simone de Beauvoir, "homem é definido com um ser humano e a mulher é definida como fêmea". Nesse sentido, fica evidente a extrema incapacidade da sociedade de se desprender das amarras do patriarcalismo, no qual o homem é visto como o centro das decisões sociais. No Brasil, essa situação não é diferente e a mulher, ainda hoje, é vista como frágil e submissa, perpetuando-se também uma forte cultura do estupro, seja pela manutenção de preconceitos, seja pela lenta mudança na mentalidade social.       Em primeiro caso, a violência simbólica consoante ao sociólogo Pierre Bourdieu não esta somente na violação dos Direitos Humanos pela violência, consiste também na perpetuação de preconceitos contra a dignidade de um grupo social. Sendo assim, a cultura do estupro é a perpetuação de paradigmas sociais, nos quais a mulher é tratada como responsável e culpada por qualquer constrangimento sexual pelo qual ela venha passar, somente pelo seu modo de vestir ou de se comportar. Grande parte desses paradigmais são herdados do período colonial, que consolidou o patriarcalismo no Brasil assentado na figura do senhor de engenho. Nesse contexto histórico a mulher deveria ser recatada, se vestir respeitosamente e não falar sobre determinados assuntos.        Em segundo caso, na mitologia grega a Medusa foi condenada por Atena a se tornar um monstro sem beleza alguma, por ter, supostamente, atraído Poseidon e ter sido estuprada pelo Deus dos Mares. Paradoxalmente esse mito se confirma ainda hoje na nação brasileira, haja vista que mesmo vitimas de assédios e violências sexuais as mulheres são taxadas como culpadas e dignas de tais hostilidades. Dessa forma, fica evidente que a lenta mudança na mentalidade da sociedade está intrinsecamente ligada a manutenção e reafirmação de preconceitos.                   Portanto, medidas são necessárias para se corrigir essa problemática. Cabe ao Ministério da Educação intervir nos municípios e promover palestras nas escolas publicas e privadas orientadas aos pais e alunos, ministradas por sociólogos, advogados e militantes da causa feminista, que visem confrontar a cultura do estupro, e ascender a discussão sobre o assunto no meio social. Ainda sim, cabe as ONG´s em associação com estagiários de publicidade, a criação de panfletos e cartazes com textos informativos e infográficos sobre o tema, visando criar na sociedade a ideia de que a consolidação da mulher como inferior é um atraso e fere os Direitos Humanos. Somente assim, com tais medidas, será possível acabar com a cultura do Estupro, e gerar um ambiente digno e igualitário para todos os sexos.