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Enviada em: 30/07/2018

Bela, recatada e do lar Em maio de 2016, circulou, nas redes sociais, a notícia de que uma jovem de 16 anos havia sido estuprada por mais de trinta homens em uma comunidade do Rio de Janeiro. Surpreendentemente, a reação de muitas pessoas perante essa atrocidade não foi de indignação pela violência que a garota sofreu, mas a de culpá-la por ter causado isso, já que supostamente era usuária de drogas. Essa situação evidencia um problema estrutural legitimado no Brasil, a cultura do estupro, que tem suas origens no machismo e que toma a mulher como culpada pelos abusos sofridos, a qual é imprescindível o combate.     "Bela, recatada e do lar". Assim é descrita a esposa de do presidente, Michel Temer, em reportagem publicada pela revista Veja. O modelo de mulher que o brasileiro tem como digna de ser respeitada.  Mulheres que fujam desse padrão são dignas de desrespeito, de violência, de estupro. Afinal, o aclamado comediante Danilo Gentili já perpetuou a ideia de que mulheres "feias" deveriam se sentir agradecidas caso fossem estupradas. Mais um caso que afirma a necessidade do combate à esse padrão de ideais distorcidos.    No geral, os brasileiros não consideram o estupro como uma cultura, logo, a necessidade do combate contra essa problemática é esquecida. Segundo dados divulgados pela revista Super Interessante, o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirma que, todos os anos, cerca de 50 mil pessoas são estupradas no Brasil, o qual evidencia que o machismo institucionalizado no país legitima uma cultura do estupro.   Para enfrentar essa situação, é necessário haver uma ação sinérgica entre diversos setores da sociedade: Estado, escola e população precisam agir conjuntamente para enfrentar esse problema. O Ministério de Segurança Pública precisa ampliar o alcance das Delegacias da Mulher para casos de estupro, elaborando um material de treinamento e oficinas de formação para os encarregados. À escola, cabe colocar a discussão acerca de machismo e violência com os alunos. Cabe à escola, também, disponibilizar atendimento psicológico aos estudantes que se sentirem violados em algum âmbito de suas vidas, para que cresçam sabendo que nenhum abuso deve ser tolerado. À população, cabe denunciar, por meio de um Disque Denúncias, sempre que haja qualquer indício de que alguma mulher esteja sofrendo algum tipo de violência, seja esta sexual ou não. Dessa forma, o combate à cultura do estupro caminhará, a passos mais largos, à extinção no Brasil.