Enviada em: 15/10/2018

A cultura é uma construção social que reflete os comportamentos comuns de uma comunidade, estando portanto, sujeita à desconstrução. Contudo, a cultura do estupro se sustenta em um dos  pilares mais perversos da injustiça: a culpabilização da vítima. Nesse contexto, cabe analisar como os papéis atribuídos aos gêneros contribuem para que esse crime continue ocorrendo.       Segundo Simone de Beauvoir, a essência feminina é formada a partir de uma convenção social. Através do patriarcado, a visão da mulher foi fabricada, juntamente com seus parâmetros comportamentais. Assim, após seu nascimento, o sexo feminino é moldado a partir dos interesses e visões sociais do que a sociedade espera de uma mulher. Desse modo, recusar-se a seguir o padrão é visto como uma atitude de rebeldia, passível de repreensão, e assim nasce a noção absurda de estupro corretivo, em que a mulher deve ser violentada e subjugada para "aprender".       Por outro lado, a construção do sexo masculino também é preocupante. Isso porque, desde cedo o menino é ensinado que o ato sexual é um direito deles, e que, portanto, as mulheres são designadas para satisfazê-los. Essa falácia, faz com que homens pensem que as mulheres estão a todo instante buscando sua atenção. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 90% dos agressores são do sexo masculino e 88% das vítimas são mulheres, o que evidencia as premissas anteriores. Dessa forma, os homens exercem uma vigilância constante sobre as mulheres, como propõe o modelo panóptico de Bentham.       Fica claro, portanto, que a cultura do estupro deve ser combatida através do empoderamento feminino e da reeducação masculina. Deste modo, o Ministério da Educação deve incluir na grade curricular do ensino fundamental e médio a disciplina de ética e cidadania. Essas aulas terão por objetivo, entre outros assuntos, desconstruir a visão patriarcal da mulher e ensinar o homem a vê-la como uma igual. Assim, construiremos um país mais seguro e efetivamente democrático.