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Enviada em: 29/10/2018

Um passado que insiste em permanecer   No século XIX, o Romantismo transmitia, pela representação de personagens literárias, uma conduta de submissão feminina que compactuava com os valores morais da época. Nos dias atuais, a escritora nigeriana Chimamanda Adichie alega que o problema do gênero consiste em descrever como devemos ser, em vez de reconhecer quem somos; o que comprova um modelo arcaico enraizado na sociedade. Neste sentido, a cultura de assédio no Brasil é fruto de reflexos históricos e, para garantir o respeito e liberdade à mulher, intervenções fazem-se precisas.    Primeiramente, uma das causas dos assédios é a visão machista sobre a conduta feminina. Mesmo que o Feminismo tenha assegurado maior autonomia política e social à mulher, o patriarcalismo ainda a subjuga pela sua vestimenta, reprimindo sua liberdade de escolha e, desse modo, os ideais conservadores se sobrepõem à realidade. Em 2016, a revista “Veja” entrevistou a esposa do deputado Michel Temer, numa reportagem intitulada como: “bela, recatada e do lar”. Tal título unifica o papel da mulher, pois o machismo justifica que aquelas que desviem deste padrão ao usarem roupas curtas e saírem desacompanhadas estão propícias ao abuso.   Além disso, ocorre a banalização do assédio e as redes sociais se tornaram uma ferramenta para tentar combatê-lo. Nas ruas, festas e até no ambiente de trabalho, as puxadas no cabelo e as tentativas de reprimir a vítima à violência sexual são ações que se naturalizaram, já que acontecem cotidianamente na vida de muitas mulheres. Para engajar jovens e adultas contra a sensação de impunidade, campanhas virtuais como “Meu Primeiro Assédio”, “Me avisa quando chegar” e “Vamos juntas?” percorreram o Facebook e o Twitter a fim de denunciar as opressões vividas, trocar experiências e atrair a atenção da mídia e das pessoas para conterem esse mal.   Portanto, nota-se que a cultura de assédio se solidificou na sociedade brasileira. A fim de alterar o olhar machista, debates e a aulas temáticas nas escolas incentivarão crianças e jovens a respeitarem os direitos da mulher. Ademais, os meios de comunicação, com impacto apelativo, devem transmitir noticiários sobre a equidade de gêneros e problematizar a banalização do assédio, induzindo a reflexão e mudança na conduta dos indivíduos. O Governo, ainda, sendo mais punitivo nas leis contra essa situação, garantirá o reconhecimento do livre-arbítrio feminino, como anseia Chimamanda.