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Enviada em: 29/08/2017

Segundo Pierre Bourdie, a violação dos direitos humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está - sobretudo - na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa física. Nesse âmbito, pode-se analisar a cultura do estupro que normaliza a ideia de que o corpo feminino está ali para ser violado e retira a culpa do agressor pelo ato criminoso, ferindo, desse modo, a liberdade individual e dignidade da mulher.       Em primeiro plano, é necessário entender que a cultura do estupro está diretamente relacionada ao patriarcalismo histórico e enraizado na mentalidade da sociedade brasileira, no qual a mulher é vista como uma objetificação sexual para os homens. Sob tal ótica, casos de estupro ocorrem rotineiramente ao ponto de se tornar "algo comum" e pouco debatido em sociedade, e quando há casos que são levados à mídia, as vítimas são alvos de piadas e questionamentos a respeito de seu comportamento. Esse tipo de atitude é imoral e legitima a violência ao passo de querer responsabilizar a mulher pelo crime cometido.       Como proferido por Albert Einstein, "É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito enraizado". Sob este ângulo, a educação é a única solução para para o combate à cultura do estupro, ela nos retira da caverna descrita por Platão em que só enxergamos as sombras da vida, a realidade distorcida, no qual está o preconceito e desrespeito ao gênero feminino. Portanto, a escola enquanto instituição formadora de opinião deve levar às salas de aula discussões acerca do tema e desfazer a mentalidade machista enraizada de que o papel feminino submete-se ao homem.       Thomas Hobbes, em seu célebre "O Leviatã", conceituou que o estado é um contrato social do povo com uma instituição que lhes fosse superior e lhes tirasse do estado de natureza para o civilizado. Portanto, é dever do estado, este grande aparato repressor, impor punições mais severas aos infratores, bem como deve utilizar de suas instituições para disseminar uma cultura de igualdade de gêneros. Pois, sob muitos aspectos, Pitágoras estava correto ao afirmar: "Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens".