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Enviada em: 12/09/2017

Na série “Os 13 porquês”, a personagem Hannah aponta como uma das razões de seu suicídio o estupro que sofreu na adolescência. Casos como esse fazem parte do cenário brasileiro de uma cultura de assédio e estupro, principalmente contra mulheres. Por advir de uma ideia retrógrada de objetificação e causar danos físicos e psicológicos, a cultura de agressão sexual deve ser alvo de ações estatais.         Em primeira análise, os casos de assédio e estupro são motivados pela objetificação da mulher, já que, segundo o portal G1, mais de 80% das agressões são feitas por homens contra as mulheres. Isso porque, ao fazer da mulher um objeto, considera-se aceitável cometer agressões como o estupro, pois essa possui a obrigação de servir ao homem, em uma perspectiva retrógrada de possessão. Contudo, parafraseando o filósofo Hegel, a mudança da realidade parte da premissa da mudança de pensamento, ou seja, é ideal que a sociedade abandone a ideia de objetificação para que a resolução da cultura do assédio seja atingida. Assim, é imprescindível que, para a superação de tal pensamento, haja uma mudança cultural de longo prazo, mediada por ações governamentais.        Outrossim, pode-se dizer que a gravidade de possuir uma cultura de estupro está relacionada à forma com que tal assunto é tratado pelo brasileiro, em razão desse ainda ser um tabu social. É perceptível que a população acredita que esse tipo de agressão é um fato distante, prejudicando a punição do estuprador, os processos jurídicos e, mais gravemente, o encaminhamento da vítima ao atendimento de recuperação. O tratamento da vítima deve ser priorizado, pois é fundamental para que problemas de saúde pública, como ferimentos e traumas psiquiátricos, sejam evitados, seguindo a lógica de Boff de que “tudo que vive deve ser preservado para continuar vivendo”. Portanto, é visível a necessidade de atitudes que envolvam a esfera política e cultural, de modo que a longo prazo crie um novo pensamento e a curto prazo sejam amenizadas as consequências.        Diante disso, o MEC deve distribuir cartilhas nas escolas, para pais e alunos, que insinuem a igualdade de gênero, a fim de criar, a longo prazo, cidadãos que acabem com as raízes da objetificação feminina, uma das causas do estupro. Ademais, o sistema judiciário deve acelerar processos que tangem a agressão sexual e aplicar punições mais graves, de modo a evitar a impunidade e, consequentemente, violações desse gênero. Por último, os grandes canais de TV devem repassar propagandas de caráter chocante com as consequências do estupro na sociedade em prol da conscientização da população sobre seu papel na resolução do caos social vivido em razão dessa realidade hedionda.