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Enviada em: 12/10/2017

Na terceira geração romântica, a mulher passou a ser vista, na literatura, como a objetificação do erotismo e símbolo do pecado carnal. Fora do contexto literário, ainda é caracterizada como um simples instrumento de prazer, diante de uma conduta social historicamente machista que procura torná-la inferior e culpada pelos erros cometidos pelo "extinto natural" do homem. E, foi nesse cenário que enraizou-se um fenômeno perverso: a cultura do estupro, processo incentivado ao longo de muitas gerações e, que hoje, urge por medidas que possam combatê-lo.    Em primeiro lugar, a falta de atenção da autoridades contribui para a ascensão do problema. Isso, porque os órgãos que atendem as vítimas, ao invés de tentarem minimizar o trauma fazem um pré-julgamento da mulher, tentando encontrar em sua conduta a explicação que desencadeou a ocorrência. Segundo Odara, coordenadora de projeto do Instituto Avon, "É como se elas não tivessem proteção legal, pois quando procuram a justiça sentem-se revitimizadas". Tais fatores explicam os dados do IPEA, os quais apontam, que apenas 10% dos casos são registrados no Brasil. Evidenciando, assim, o descaso para com a punição dos criminosos e o medo de julgamento por parte das vitimas.    Outrossim, é que o estupro ainda é persistentemente normalizado. Isso, devido na maior parte dos casos a sociedade buscar evidências como vestimenta, locais frequentados e atitudes, para tentar provar que a vítima só foi atacada porque provocou. De acordo com a pesquisa do IPEA, 42% do dos homens entrevistados concordaram com a afirmação "mulheres que se dão ao respeito não são estupradas", demonstrando, dessa forma, que essa cultura existe e, é fortalecida pela defesa do machismo enraizado no meio social.    Torna-se evidente, portanto, o quanto a sociedade precisa conscientizar-se da necessidade de medidas que cessem essa conjuntura de violações contra a mulher. E para isso, as autoridades de atendimento às vítimas devem prestar apoio sem nenhum tipo de indução de culpa, além de tratarem com respeito e investigarem efetivamente os casos para uma punição rígida e concreta contra os estupradores. Ademais, a mídia, por meio de programações e da rede, deve propagar conteúdos contra o machismo, com seu poder persuasivo, a longo prazo, conseguiria modificar tais valores arcaicos na sociedade. Com essas medidas iniciais, as futuras gerações não seriam tão atacadas por esse cruel processo "cultural".