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Enviada em: 26/10/2017

(Des)construção da cultura do estupro        É possível afirmar que há no Brasil uma cultura do estupro, haja vista, o registro oficial de 50 mil casos anuais e de outros tantos, certamente, subnotificados. Tal cenário está em consonância com a objetificação da mulher e a relativização da violência sexual sofrida pela mesma. Sendo o fenômeno de origem cultural e não natural, sua desconstrução é igualmente possível.      Relativo a objetificação, essa ocorre sempre que o feminino é posto a serviço do masculino visando apenas a satisfação sexual deste. No caso brasileiro, o passado colonial centrado na figura do senhor de engenho, naturalizou a concepção de que a mulher pode vir a ser tratada como objeto. Logo, é possível fazer qualquer coisa que se deseje, inclusive violentá-la.       Outrossim, a relativização desse fenômeno é percebida quando a mídia e a sociedade lançam sobre os ombros da própria vítima a responsabilidade pela violência sofrida. Além disso, as ameaças proferidas pelo agressor fomentam a subnotificação e a aparente inexistência desse tipo de crime no país. Segundo o historiador Boris Fausto, o cenário encontra sustento no patriarcalismo e no machismo histórico.      Dessa maneira, infere-se que a cultura do estupro é uma realidade cruel no Brasil. Nesse sentido, a mudança de pensamento é a principal via preventiva a ser trilhada. Assim sendo, é imperioso que escolas realizem debates interdisciplinares que estimulem a mudança de mentalidade e comportamento entre os jovens. Somem-se a isso a veiculação, em mídias diversas, de campanhas publicitárias que exponham a assustadora realidade e desconstruam a objetificação da mulher e a relativização da violência sexual. Somente assim, a cultura do estupro será progressivamente desconstruída pelo viés educativo.