Materiais:
Enviada em: 30/07/2018

No início do século XX, o movimento modernista realizou a tentativa de desvendar uma produção que fosse genuinamente brasileira. Ainda hoje, contudo, a efetiva valorização e expansão de nossos preceitos identitários esbarra em impeditivos socio-históricos arraigados. Assim, urge explicitar as construções tradicionais da cultura nacional e o âmbito comportamental de sua prática, a fim de que, melhor compreendendo-os, seja possível reconhecer a notável riqueza peculiar à brasilidade.   Em primeiro lugar, convém analisar as estruturas históricas que dificultam a sensação de pertencimento. Consoante a Gilberto Freyre, as raízes de nosso povo encontram-se no caminho entre a casa grande e a senzala. Com efeito, o acentuado hibridismo que concerne essa formação cultural é, além de traço marcante, teia de complexa apreensão. Embora seja fator que engrandece, as múltiplas facetas étnicas do brasileiro intrincam a tarefa de encontrar algo essencialmente nativo, que não tenha influências exteriores e seja, de fato, apenas do Brasil. Dessa forma, a pluralidade enriquecedora pode, também, confundir.   Ademais, é importante considerar a prática individual que inferioriza constantemente os atributos nacionais. De acordo com o escritor Nelson Rodrigues, os cidadãos do país sofrem de um complexo de vira-lata, cuja característica central é a crença na desvantagem de tudo aquilo que é autóctone. Nessa perspectiva, assentada em concepções etnocêntricas, é perpetuada a noção de superioridade do padrão internacional, reflexo de um passado colonialista. Nesse ínterim, o foco das atenções são, quase sempre, as más ações praticadas internamente, potencializando visões generalizadoras de que não há pontos positivos na situação brasileira.   Torna-se evidente, portanto, a necessidade de discutir com mais profundidade a abordagem relativa aos costumes nacionais. Faz-se imperioso que escolas e universidades, indiscutíveis esferas formadoras, expandam debates desse nível, no sentido de ressaltar a dimensão salutar de nossa diversidade. Para tanto, cabe instituir na base curricular o ensino de Antropologia, de modoa proporcionar espaço semanal para estudos teóricos e explanações acerca das inúmeras vertentes étnicas que constituem a identidade do país. Ainda nesse caminho, devem ser realizados, por meio de amostras culturais que incluam encenações, danças e jogos, incentivos práticos e lúdicos às produções costumeiras nativas. Dessarte, pela expansão do conhecimento e identificação coletiva, será tangível alcançar a afirmação dos traços tupiniquins, como já pretendiam os nacionalistas modernistas.