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Enviada em: 10/08/2018

Das tentativas de criação de uma identidade cultural brasileira, o Romantismo e o Parnasianismo foram as escolas com maior relevância ao surgimento posterior do Modernismo, que foi o movimento precursor dos Manifestos que dissolveriam o determinismo artístico. Dentre os mesmos, a Antropofagia de Oswald de Andrade, contou com uma das obras de maior expressividade cultural do Brasil, O Abaporu, de Tarsila do Amaral. Todavia, o quadro foi leiloado para um empresário argentino, em 2001, e encontra-se exposto no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, MALBA. Diante da discriminação nacional das expressões culturais, como o grafite, nota-se a inexpressividade da Lei de Incentivo à Cultura, bem como de seus ministros que, por determinação, deveriam executá-las.        Um dos exemplos que ilustra tal prerrogativa é a produção "O menino e o mundo", criada por um cineasta brasileiro. A mesma concorreu ao Oscar, em 2016, na categoria de melhor animação, tendo  alcançado um maior público no exterior do que no seu próprio país de origem. Doravante, os filmes que conquistam visibilidade no país, adentrando às grandes redes de cinema, são daguerreótipos de telenovelas das emissoras de maior audiência, não raro, cultuadoras de estereótipos regionalistas, além daqueles importados do solo norteamericano. Em síntese, Oswald define, na década de 20, o que ainda é latente na contemporaneidade dos brasileiros: "Só me interessa o que não é meu."       Também o escritor modernista Mário de Andrade, em seu livro Macunaíma, defende o fato de o Brasil não possuir caráter. Tal vocábulo define a ausência de características moldadas por uma construção cultural, no sentido antropofágico de digerir às manifestações artísticas diversas, sejam derivadas do próprio país, sejam de países estrangeiros, em prol da absorção daquilo que faria algum sentido para a agregação nacional, de um conjunto de caracteres próprios e singulares. Por conseguinte e infelizmente, ocorre uma exaltação exacerbada à erudição clássica, que é apregoada pelo próprio Estado. Como claro exemplo, está a destruição feita pela Prefeitura de São Paulo, ao apagar muros grafitados por artistas populares.       Depreende-se, portanto, que as obras nacionais são pouco incentivadas pelo Ministério da Cultura. Logo, é essencial que ocorra um maior repasse de verbas pelo Governo Federal às prefeituras e, consequentemente, o subsídio dos artistas brasileiros, bem como a divulgação de suas obras nas grandes redes de cinemas e centros de exposição. Em congruência, o mapeamento e construção de institutos culturais, tais como museus e teatros, visando convergir a exposição das obras nacionais em áreas periféricas, auxiliaria também no enfraquecimento das desigualdades sociais, pois, essas são diversas e diluem-se ante um vasto território e na primazia em monopolizar a "identidade brasileira".