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Enviada em: 13/03/2019

Intimamente relacionada ao desenvolvimento das civilizações ao longo da história, a cultura sempre foi a conexão entre o indivíduo e a sociedade, de modo a promover o bem individual e as aspirações coletivas. Contudo, no cenário brasileiro atual, a valorização da cultura encontra impeditivos que reflete uma das contradições mais perversas de uma sociedade em desenvolvimento, o que se deve a fatores como identidade nacional fragmentada e visão idealizada do âmbito exterior.          Em primeiro plano, é indubitável que o hibridismo cultural presente na formação do Estado Nacional constitui-se como um dos principais pilares da divergência identitária do tecido social hodierno. De fato, traços culturais marcadamente difusos entre autóctones e colonizadores acarretaram em uma regionalização de culturas que não encontram ligações relevantes e passiveis de permuta, o que, dessa maneira, corrobora visões preconceituosas e discriminações a determinados grupos e costumes. Nesse sentido, tais incongruências potencializam a desvalorização da unidade multicultural da nação e remete a "cortinas ideológicas" de pertencimento a fragmentos cada vez mais dissociados do corpo social, a exemplo, as tribos indígenas sob constante anulação e as culturas de matrizes africanas frequentemente estigmatizadas.               Outrossim, ao descortinar o século XXI, a aversão social aos aspectos nativos vai de encontro à imprescindível valorização da cultura, tendo em vista uma idealização dos elementos identitários internacionais. É notório que, com o advento da globalização e a estruturação da "Aldeia Global", na qual a distância espacial entre os povos torna-se irrelevante, a evidência de atributos internacionais, de maior prestígio, se sobrepõe ao que é próprio da cultura local, haja vista uma concepção etnocêntrica arraigada, reflexo de um passado colonialista. Nesse contexto, a exaltação de valores estrangeiros inferioriza e não contribui com a valorização das culturas remanescentes no território brasileiro.            Para que se reverta esse cenário problemático, portanto, fica a cargo do Ministério da Educação, por meio de oficinas de história, implementar na base curricular do Ensino Médio o estudo preciso e reflexivo acerca da formação cultural do Brasil e sua evidencia de acordo com o tecido territorial, a fim de estimular o pensamento crítico do aluno na valorização de traços culturais subjugados. É imprescindível, ainda, a atuação dos meios de comunicação, por intermédio de propagandas em horário nobre, na divulgação de um país multicultural, de modo a instigar a população na busca de informação a respeito de costumes distintos. Assim, poder-se-á transformar uma sociedade desenvolvida socialmente, longe de contradições perversas que envolvam aspectos que foram tão importantes para o surgimento das civilizações ao longo da história.