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Enviada em: 17/09/2019

“Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores, nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.” O fragmento da famigerada Canção do exílio, de Gonçalves Dias, retrata a primeira fase do romantismo brasileiro caracterizado por temas nacionais. Assim, após a independência do país, a população sentiu a necessidade de se afastar dos moldes europeus buscando uma arte de fato brasileira. Nesse sentido, ao transpor a temática da valorização da cultura nacional, é nítido que o espírito ufanista não floresceu, uma vez que, a globalização e a cultura industrial somados aos ínfimos investimentos do Estado fragmentam a identidade nacional, eis o retrocesso.        Ao principiar tal visão, é válido ressaltar que há ampla diversidade cultural brasileira devido aos processos históricos de miscigenação. Além disso, tal hibridação tem intensificado com o multinacionalismo que perpassam através dos meios de comunicação. Contudo, essa interação torna-se danosa quando os interesses de classes dominantes massificam o modo de produzir cultura, a exemplo o “american way of life”, fator que prejudica o saber das construções históricas, cruciais para a formação de um indivíduo perante o contexto que é inserido, afinal, como afirmou Emile Durkheim, a cultura modela as atitudes e a forma de viver de um indivíduo perante a sociedade.              Ademais, outro fator que corrobora com a mazela é a ausência de concepções e de uma formação por parte dos entes competentes. De acordo com Erasmo, não há nada de tão absurdo que o hábito não o torne aceitável. Dessa forma, é nítido que o Estado tomou por hábito a exclusão dos valores culturais do país deixando às margens dos investimentos a preservação e o enaltecimento dos patrimônios materiais e imateriais, conduta observada no incêndio do Museu Nacional. Ora, o Estado que se afugenta corrobora indiretamente para o descaminho de sua sociedade.         Depreende-se, portanto, a necessidade de medidas interventivas que resolvam a regressão social. Para tal, o Ministério da Educação deverá, por meio das escolas, implementar no plano pedagógico das instituições de ensino, aulas interdisciplinares no dia 22 de agosto, dia do folclore, com apresentações dos alunos para a comunidade com danças, músicas e encenações das lendas brasileiras, a fim de enobrecer a cultura nacional. Além disso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN, precisará juntamente com as prefeituras, promover eventos em praças e locais históricas das cidades, com apresentação de artistas locais com música popular brasileira, comidas típicas, com a finalidade de democratizar o acesso a essas atividades para a população. Por fim, a mídia deverá elaborar campanhas publicitárias que incentive a população a dirigir-se aos museus, objetivando a construção do saber crítico da sociedade.