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Enviada em: 08/06/2018

O sociólogo Zygmunt Bauman aponta como características da "modernidade líquida", iniciada ao final do século XX, o consumismo e a fragilidade das relações humanas. Todavia, o surgimento, na contemporaneidade, de diversas iniciativas voltadas a buscar formas menos impactantes de consumo, por meio da conexão entre pessoas, indica importante mudança comportamental.         A priori, cabe mencionar a importância de momentos de dificuldade financeira para repensar hábitos e criar alternativas de consumo. Nesse sentido, haja vista a crise financeira que assola o país, surgem diariamente ideias econômicas criativas e sustentáveis de empréstimo, troca e compartilhamento de bens materiais. Essa iniciativas de colaboração, utilizando-se das tecnologias de rede, além de ajudarem a reduzir gastos, aproximam laços interpessoais, pois os indivíduos precisam interagir mais e dependem uns dos outros para permitir o funcionamento desse sistema. O coração da economia colaborativa estão empresas e projetos que surgiram a partir de variações do compartilhamento de pessoa para pessoa, o chamado consumo colaborativo. Onde bens podem ser compartilhados. Agregar valor em cada nível gera retorno, uma vez que os modelos representam um aumento na maturidade, exigem investimentos e resultam em benefícios para cada nível.        Ademais, as plataformas digitais de "crowdfunding" retiram dos empresários e transferem para a sociedade opções de consumo. Nesse contexto, os filósofos Adorno e Horkheimer apontam como típica do sistema capitalista a Indústria Cultural, por meio da qual se vendem ideias voltadas à conservação do sistema econômico e do poder das elites. Sob essa ótica, sites, como o "Catarse", no qual se pode divulgar projetos e arrecadar investimentos de toda a sociedade, subvertem essa lógica de padronização e se inserem definitivamente nos hábitos de consumo da coletividade. Assim, sem a necessidade de se submeterem aos interesses das mídias de massa, artistas e pesquisadores ganham maior liberdade criativa e a população lucra em produção cultural e intelectual independentes.      Portanto, medidas são necessárias para resolver o impasse. Seja como estratégia econômica ou como escape da doutrinação cultural, as economias colaborativas se inserem cada dia mais no cotidiano do brasileiro. Para ampliar ainda mais iniciativas, o Governo Federal, aliado ao SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas -, deve promover concursos de inovação e financiar novos projetos de economia colaborativa, para amenizar e reverter o cenário de crise. Conjuntamente, as Secretarias de Educação Municipais podem inserir nas escolas jogos educativos que, ao valorizarem a criatividade e o raciocínio crítico, formem alunos ávidos por novas ideias e produtos, que não aceitem a massificação como padrão de consumo.