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Enviada em: 21/05/2017

Brás Cubas, o defunto-autor de Machado de Assis, diz em suas "Memórias Póstumas" que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado da nossa miséria. Talvez hoje ele percebesse acertada sua decisão: a postura de muitos brasileiros frente ao bullying é uma das faces mais retrógradas de uma sociedade em desenvolvimento. Com isso, perpetua-se essa problemática no Brasil que está fundamentada, principalmente, em impasses no ambiente escolar e familiar brasileiro.  É indubitável que a qualidade do ambiente escolar está entre as causas do problema. De acordo com Durkheim, o fato social é a maneira coletiva de agir e de pensar. Ao seguir essa linha de raciocínio, observa-se que a prática do bullying se encaixa na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em um meio com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Nessa perspectiva, essa prática é transmitida de geração a geração.  Somado a isso, a falta de discussões sobre a questão fomenta o impasse. Sendo um problema histórico e muito notificado, o bullying sofreu um processo de banalização na sociedade, principalmente no contexto familiar. Prova disso é o baixo engajamento dos pais em relação ao assunto que, muitas vezes, o tratam como um problema sem importância. Dessa maneira, as crianças crescem sem a instrução necessária e o conhecimento sobre a gravidade da questão.  Infere-se, portanto, que a prática do bullying ainda persiste na sociedade brasileira e deve ser combatida. Sendo assim, cabe à Escola, instituição formadora de valores, juntamente com pais e professores, criar projetos de cunho social para debater a questão, utilizando-se de palestras que tratem do problema e da distribuição de cartilhas educativas. Conjuntamente, o MEC pode disponibilizar verbas e profissionais capacitados no assunto para potencializar os projetos. Ademais, a sociedade deve se mobilizar em redes sociais, com o intuito de conscientizar a população sobre os males do bullying. Assim, poder-se-á transformar o Brasil em um país desenvolvido socialmente, e criar um legado de que Brás Cubas pudesse se orgulhar.