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Enviada em: 09/06/2017

Força = educação + bons exemplos            Na obra literária “O Ateneu” de Raul Pompeia (1888), são recorrentes as cenas em que os alunos de menor porte físico são subjugados, espancados e humilhados pelos que tem biótipos mais avantajados. Fora da literatura, é inegável que o bullyng esteja presente na sociedade brasileira contemporânea. Nesse sentido, fatores socioculturais corroboram o perverso enraizamento dessa inercial problemática em diversos setores sociais.        Primordialmente, em uma análise mais aprofundada, deve-se refletir sobre a influência dos aspectos culturais e socioeducacionais nesse impasse. Segundo a teoria da tabula rasa de John Locke “o ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influencias”. Ao seguir esse raciocínio, podemos levar em consideração que as atitudes adotadas pelas pessoas praticantes do bullyng têm origem no cotidiano familiar, uma vez que, ao presenciarem frequentes comportamentos de violência e intolerância dentro de casa, inclinam-se a repeti-los no convívio social. Dessa maneira, a conduta violenta propaga-se entre as gerações posteriores, tornando o bullyng sistematicamente intrínseco à sociedade brasileira.             Ademais, com o advento da internet, o bullyng ultrapassou os limites do âmbito escolar. Esse tipo de violência está assiduamente presente nas redes sociais, o chamado “cyberbullyng”. Conforme levantamento da ONG SaferNet Brasil, em 2016 houve um total de 312 denúncias de cyberbullyng no país. Os resultados dessas hostilidades podem ser trágicos, como no caso da piauiense Julia Rebeca: que após ter um vídeo íntimo vazado na "web", transformou-se em motivo de chacota e acabou cometendo suicídio em novembro de 2013.           Conforme a Lei da Inércia de Newton, um corpo tende a manter seu estado atual até que uma força atue sobre ele. Dessa maneira a aplicação de força suficiente no percurso do bullying no Brasil é imprescindível e é o caminho para combate-lo. Logo, cabe a escola – instituição formadora de valores – em conjunto com ONGs, promover palestras educacionais acerca do respeito às diferenças, ministrada por especialista na área, a fim de atenuar essa forma de violência, tanto no ambiente escolar como fora dele. Além disso, as famílias devem demonstrar sempre bons exemplos de tolerância e generosidade. À mídia compete abordar a temática do suicídio proveniente do “cyberbullyng”, em debates e edições especiais de programas jornalísticos, como forma de alertar e instruir a população sobre o tema. Destarte, o Brasil transformar-se-á em um país desenvolvido socialmente e cenas como aquela do Ateneu ficarão somente nos contos de Raul Pompeia.