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Enviada em: 16/10/2017

Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que seria apenas uma questão de tempo até o Brasil converter-se em uma nação desenvolvida. Hodiernamente, porém, é provável que Policarpo reconsiderasse sua posição, pois o bullying entre os jovens, situação muito frequente no país, é um dos aspectos mais lamentáveis que podem existir em uma sociedade. Esse cenário preocupante perdura, afetando a comunidade escolar e não pode ser resolvido por métodos convencionais de conscientização.         Primeiramente, é importante salutar que o bullying tem consequências negativas ao segmento social brasileiro. Nessa perspectiva, a Constituição Cidadã, promulgada em 1988, sabiamente expressa que o objetivo da República Federativa do Brasil é construir uma sociedade livre, justa e solidária. À vista de tal preceito, ofensas, apelidos, agressões e outras práticas que caracterizam o bullying ferem direitos constitucionais e configura-se em uma grande mazela social, que demanda imediata resolução, pois não só aumenta os casos de depressão adolescente como também é um dos principais motivos para o suicídio nessa idade.         Além disso, o estagnado ideário brasileiro é um entrave a resolução desse fenômeno. Conforme disse o poeta modernista Carlos Drummond de Andrade, a educação visa melhorar a natureza do homem e, por isso, nem sempre é aceita por esse. Desse modo, as campanhas de conscientização dos adolescentes sobre a importância do combate ao bullying não obtêm êxito pois esbarram no comportamento reacionário do ser humano que busca manter um mesmo conjunto de valores morais. Contudo, uma mudança nesse quadro é possível com uma transformação na maneira como essa mensagem é transmitida à população.        Denota-se, portanto, que o bullying constitui um sério desafio para o país e precisa ser combatido. Posto isso, é imperativo que as ONGs e as escolas atuem para amenizar a problemática. Às ONGs, importantes aglutinadoras da sociedade, deveram organizar saraus, abertos ao público e com atrações variadas que abordem a questão, com o intuito de chamar a atenção dos pais para o assunto. Paralelamente, a escola, estimuladora do pensamento crítico, deverá optar pela conscientização sobre a temática por meio de dinâmicas de grupos e jogos educativos, em vez de palestras e aulas que são impopulares entre os alunos, objetivando tornar a educação mais persuasiva e formar jovens mais atentos e conscientes. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um país mais justo e humano, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.