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Enviada em: 15/08/2017

Ao descortinar o século XX, a contemporaneidade, marcada pelo advento do viés democrático e globalizado, permitiu a consolidação de direitos fundamentais pela Constituição Federal de 1988 e a apresentação de parâmetros e limites nas relações interpessoais. Mesmo com tantos avanços, constata-se ainda a persistência, desde o período colonial, da intolerância e do desrespeito ao mosaico étnico-cultural brasileiro que, atualmente, apresentam-se por meio das práticas do bullying e configura-se como um problema social no país.              Em primeira análise, é válido ressaltar os efeitos do bullying na sociedade. A esse respeito, relaciona-se o emblemático desprezo às diferenças físicas, culturais e comportamentais, que manifesta-se mediante críticas destrutivas, violência, banalização da imagem e opressão psicológica intencional. Em corolário a isso, converge-se para os eventuais distúrbios e problemas de saúde, comprometimento do desenvolvimento pessoal, profissional e em sociedade. Destarte, suscita-se a instabilidade nas relações em geral, com represálias, insegurança e consequente exclusão dos grupos de convivência.              Na esteira do processo de manutenção das práticas discriminatórias, alude-se à atuação dos jovens e aos obstáculos para as instituições de ensino no combate às divergências propostas. Isso porque, a frequente ocorrência de violência nas escolas aliado ao despreparo, no que diz respeito ao suporte profissional no combate ao bullying, dos professores e agentes administrativos são fatores determinantes para a desordem escolar, além de permitirem que, muitas vezes, os educadores tornem-se as vítimas. Segundo uma pesquisa realizada, cerca de dois quintos dos professores já foram violentados em salas de aulas. Sob a ótica social, o mau comportamento sustenta-se em raízes culturais com laços etnocêntricos mantidos pela mentalidade arcaica da sociedade. A essa conjuntura, certifica-se que aproximadamente 70% dos casos de intimidação e agressão são cometidos a negros e homossexuais.                Torna-se evidente, portanto, os efeitos do bullying e os obstáculos no combate. Diante disso, é primordial que a responsabilidade seja compartilhada entre o Poder Público, as escolas e a mídia. O Ministério da Educação deve propor a capacitação dos profissionais escolares, assim como a ampliação do suporte de psicólogos nas escolas, permitindo a identificação facilitada da opressão. É imprescindível que as escolas promovam debates em salas de aulas e seminários específicos, envolvendo os alunos e familiares, visando a mudança de comportamentos e o respeito às diferenças. A mídia precisa elaborar propagandas publicitárias com discursos e engajamento ficcional que contribuam para a quebra de preconceitos. A articulação dessa pluralidade é impreterível, pois, como afirma Helen Keller, o resultado    mais sublime da educação é a tolerância.