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Enviada em: 24/09/2017

O clássico americano "Carrie, a Estranha" aborda a história de uma menina com problemas de socialização que vive sendo constantemente ridicularizada pelos colegas de escola que não compreendem sua realidade. Apesar de ser uma história fictícia, o drama vivenciado por Carrie é a realidade de muitas crianças e jovens que sofrem, intencionalmente e repetitivamente, agressões físicas e/ou verbais denominadas bullying. Tradicionalmente associada ao meio escolar, a prática do bullying vem tomando novas dimensões graças as consequências e impactos que pode gerar na vida do indivíduo e dos próprios agressores. Nesse sentido, é necessário observar os fatores e as consequências geradas por essa intimidação sistêmica a fim de debelar essa triste prática.       Devido a pluralidade de personalidades em desenvolvimento confinadas em um mesmo ambiente, a prática do bullying está associada, majoritariamente, ao ambiente escolar. Além dos motivos que levam o agressor à prática do bullying, como a demonstração de força e até mesmo sua própria proteção, é importante avaliar que por trás da figura do opressor existe uma plateia que legitima a agressão. Dessa forma, a não interferência das pessoas que assistem a prática da intimidação é proveniente do medo de sofrerem posteriores retaliações e do receio de se tornarem o próximo alvo da agressão, participando passivamente do bullying e fazendo jus a frase da expoente feminista Simone de Beauvoir: "O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos".       Ademais, é importante pontuar as consequências desenvolvidas pelo ato do bullying na vida do oprimido. A queda no desempenho escolar, por exemplo, configura como uma das mais imediatas reações as práticas de intimidação, como mostrado na pesquisa realizada em 2009 pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), na qual foi apontado que quanto mais alto o índice de discriminação nas escolas, mais baixo é o rendimento de seus alunos. Outrossim, sintomas como depressão e baixa autoestima podem ser percebidos como resposta da vítima.       Partindo da teoria exposta pelo pedagogo Paulo Freire de "cultura de paz", na qual ele evidencia o papel da educação na exposição de injustiças, é necessário que as escolas capacitem seus professores, por meio de palestras, de treinamentos e de workshops sobre o bullying, a fim de instruí-los a identificar e inibir possíveis manifestações de intimidações entre os alunos. Ademais é necessário que as famílias se atentem às mudanças comportamentais dos filhos e busquem auxílio nas próprias escolas caso seja observado alguma anormalidade com o objetivo de evitar que o problema alcance maiores proporções. Talvez assim o período escolar não tornaria-se tão doloroso para Carrie e para as milhares de vítimas atingidas pelo bullying.