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Enviada em: 30/09/2017

Historicamente, o ser humano é protagonista da sua dificuldade em conviver com as diferenças. É nesse contexto que a prática do bullying se insere. O escritor e psiquiatra Augusto Cury, em seu livro "O futuro da humanidade", exemplifica o fato de o homem não ser uma ilha, pois qualquer ação consciente ou inconsciente causa efeitos na vida dos outros. Por essa perspectiva, as vítimas dessa violência, assim como pessoas próximas a elas, têm sua vida afetada, o que pode gerar grandes consequências em toda a sociedade.       É importante, primeiramente, salientar sobre a Lei nº 13.185 constitucionalizada, em 2015, no Brasil. Ela, portanto, também denominada "Lei do Bullying", advém da crescente nos números de casos de intimidação sistemática. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde e IBGE, a ocorrência de bullying evoluiu de 5% para 7% nas escolas brasileiras. Em consonância, um problema decorrente é a ação precipitada dos pais ou responsáveis. Destarte, muitas vezes, ao notar a quebra de padrão na rotina e no comportamento social, a troca de escola surge como opção mais eficaz para solucionar o problema. Todavia, não é garantia que a criança não volte a sofrer ou supere seus traumas sem tratamento profissional. Ademais, os agressores ficam impunes e aptos a fazerem outras vítimas. É evidente, então, que a iniciativa do governo corrobora no processo de amparo jurídico às famílias acometidas, mas precisa de reformulação para potencializar o combate dos outros meios a esse mal.       Outra consequência instintiva é a produção cinematográfica de filmes e séries sobre a problemática. Em 2017, a série 13 Reasons Why ( Os Treze Porquês ) foi destaque em razão da abordagem e reforço do debate a respeito do bullying. Um ponto interessante levantado pela série é a atitude inconsciente nas relações pessoais que contribuem para a piora desse cenário. Nessa perspectiva, a trama desenvolveu situações cotidianas tratadas de forma eufemista e que elencam com a realidade. Entende-se, pois, que a sociedade normatizou tanto insultos, machismo e piadas depreciativas que não é preciso estar sob a racionalidade para participar continuamente no sofrimento de outrem.       Com essas constatações, torna-se clara a preocupação por parte das autoridades e da mídia sobre os efeitos da questão. Não obstante, faz-se necessário o acompanhamento de pedagogos fornecidos pelo MEC, com o objetivo de orientar os pais das vítimas em como ajudar e não realizar ações precipitadas. Outrossim, parcerias entre ONG's, iniciativa privada e escolas podem garantir acesso ao acompanhamento psicológico dos envolvidos no que tange a superação dos conflitos internos e desenvolvimento da empatia nos agressores. Já os meios de comunicação devem continuar a produzir ficções de engajamento com o intuito de atingir a sociedade, influenciando-a em suas ações diárias.