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Enviada em: 25/10/2017

Para o contratualista Thomas Hobbes, o homem é naturalmente mau e egoísta, o que revela sua visão pessimista da condição humana. Caso estivesse vivo hoje, ratificaria sua tese com base nos crescentes casos de agressão repetida, isto é, no bullying. No contexto brasileiro, esse infortúnio tem causado desdobramentos nocivos tanto para a vítima quanto ao agressor, o que torna primordial sua discussão.           Em primeiro lugar, vale ressaltar como estes primeiros lidam, negativamente, com a questão. Em razão da exclusão sofrida por alguns, providências são tomadas com um viés escapista dessa realidade. Elas podem manifestar-se na depressão que nutre a possibilidade ao suicídio, já que essa parece ser uma solução prática e definitiva para o pesadelo. De acordo com Augusto Cury, o suicida não quer pôr fim à vida, mas sim à dor. Nesse sentido, o quadro de violências afins conduz as vítimas a decisões árduas e irrevogáveis para finalizar os sentimentos gerados pelo bullying.          Além disso, é fundamental abordar as sequelas psicológicas causadas por essa mazela social. Por uma lógica empírica, pode-se considerar que aqueles que violentam os outros já tiveram uma experiência violenta, ou seja, agressores tendem a reproduzir o que já vivenciaram. Destarte, essa espécie de ”cicatriz” os influencia de forma a continuar a um ciclo e carregar traços agressivos por toda a vida. Assim, é essencial tratar esse lado, para que episódios como o de Realengo - em que uma vítima de bullying se vinga tirando a vida dos outros - não se repitam.           Fica evidente, portanto, a importância de incorporar meios atenuadores desses efeitos. Para isso, a mídia poderia abrir espaço para discutir os impactos do bullying em reportagens, documentários e programas, além de incentivar a busca por ajuda profissional e a denúncia de agressores. Em consonância, o Ministério da Saúde deveria oferecer maior número de psicólogos e terapeutas que tratassem tanto as vítimas como os agressores, para que não recorram ao suicídio tampouco à vingança equivocada. Desse modo, a visão pessimista hobbesiana será superada.