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Enviada em: 13/10/2017

Na obra “O Corcunda de Notre Dame”, o protagonista Quasímodo é obrigado a isolar-se em virtude da repressão social diante de sua aparência, considerada monstruosa pelas outras personagens. Mas não é só na ficção que essa temática aparece: apesar da existência da lei do Combate à Intimidação Sistemática, sancionada em 2016, o bullying persiste fazendo-se cada vez mais presente no ambiente escolar brasileiro. Diante disso, torna-se necessário analisar a influência tanto do ambiente escolar quanto do familiar a fim de avaliar tal problemática no panorama nacional.        É preciso compreender, antes de tudo, a função da escola nesse contexto, visto que um em cada dez estudantes é vítima de bullying no Brasil. Desse modo, pode-se inferir a corresponsabilidade da escola nos casos de bullying, pois é nessa instituição que os comportamentos transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes. De acordo com Paulo Freire, há a necessidade de uma cultura da paz, evidenciando, assim, o papel da educação na exposição de injustiças e no incentivo à tolerância. Contudo, a priorização da preparação dos alunos para concursos faz com que a função socializadora da escola seja comprometida, agravando o problema do bullying no Brasil.       Apesar de acontecerem, em sua maioria, dentro das escolas, os casos de bullying também podem ser combatidos com a ajuda dos responsáveis. De acordo com a teoria da tábula rasa, do filósofo John Locke, “o ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências”. Com base nisso, pode-se levar em consideração que os praticantes de bullying têm as suas personalidades moldadas de acordo com os modelos domésticos. Entretanto, o caráter imediatista da sociedade moderna atinge também o núcleo familiar, manifestando-se na ausência de diálogo entre pais e filhos. Nesse contexto, o ambiente que deveria ser de acolhimento, passa a ser de repulsa, alimentando o isolamento do indivíduo, a baixa autoestima, o distanciamento do aprendizado escolar, além de ser um fator muitas vezes determinante na decisão de cometer suicídio.       Infere-se, portanto, que o bullying é um mal para a sociedade brasileira, sendo necessárias medidas para resolver a questão. A fim de atenuar o problema, o poder público deve contratar mais psicólogos para os colégios e promover treinamentos aos docentes para identificar os agressores. Além disso, cabe à mídia, por meio de ficções, levar a discussão à família, mostrando a importância de o assunto ser tratado em casa. A escola, então, pode criar um canal aberto de denúncias de casos de bullying sofridos por estudantes e chamar os pais e os envolvidos na agressão ao debate, a fim de que seja feito um acordo. Só assim, será possível evitar que tenhamos mais figuras como a de Quasímodo, que precisou buscar o isolamento para escapar de todo o pesadelo que a sua vida insistia ser.