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Enviada em: 29/10/2017

É possível afirmar que a disseminação da violência ainda é uma realidade em todo o mundo, especialmente no que tange ao bullying. No contexto atual, percebe-se que esse tipo de intimidação tem sido cada vez menos negligenciada, contudo, apesar da lei brasileira que obriga escolas a adotarem medidas de prevenção e combate ao bullying, sua incidência persiste, sobretudo, devido ao descaso governamental com a execução da própria lei. Dessa forma, é necessário analisar possíveis causas e efeitos dessa problemática na sociedade, com o intuito de combatê-la efetivamente.       O bullying é recorrente, principalmente, nas escolas e as motivações do opressor são as mais diversas. Ameaças, insultos, agressões e humilhações, certamente, podem causar efeitos gravíssimos na vida de um indivíduo. É imprescindível debater, por exemplo, a influência dessa violência em casos de depressão, homicídios e suicídios, uma vez que o maltrato intimidatório motiva o isolamento social e interfere na autoestima do oprimido, deixando-o vulnerável a buscar soluções extremas. Recentemente, as notícias do menino de 14 anos que, devido aos insultos sofridos, matou dois colegas de classe em um colégio particular de Goiânia, sensibilizaram o país. Entretanto, a sensibilização do povo e a legislação, isoladas, não são capazes de garantir a erradicação da problemática.       Outrossim, a falta de um lugar no qual o jovem possa se reconhecer e expor seu sofrimento, tanto na família como na sociedade, permite que a vítima sofra calada na maioria dos casos. Nesse sentido, a falta de diálogo e a omissão dos pais acaba sendo uma forma de compactuar com o agressor do próprio filho. Ademais, a sociedade brasileira, em grande parte, demonstra certo desprezo à gravidade do bullying e o banaliza. Nos meios de comunicação de massa, como o cinema e a televisão, é visível a insistência na manutenção de estereótipos prejudiciais ao seu combate. Nesse contexto, o filme "Como se Tornar o Pior Aluno da Escola", escrito e protagonizado por Danilo Gentili - além de fazer do problema uma comédia - alimenta a violência simbólica, ao estimular a prática e enaltecer o agressor.       Em suma, com propósito de colocar em prática a Lei de Combate ao Bullying e prevenir casos de depressão e suicídio associados, a verba dada pelo Governo ao Ministério da Educação, necessita de reajuste, pois, assim, o Órgão poderá investir na contratação de assistência psicológica e capacitação de professores. Cabe ao Ministério da Cultura, por sua vez, além de promover campanhas educativas sobre os efeitos dessa violência - estimulando os pais a ouvirem os filhos - ampliar o incentivo à produção artística engajada - peças teatrais, filmes e novelas - que ridicularizem a prática e o incentivo ao bullying, visto que, de acordo com o sociólogo Pierre Bordieu, "aquilo que foi criado para se tornar instrumento de democracia direta não deve ser convertido em mecanismo de opressão simbólica".