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Enviada em: 01/10/2018

Quando no século XIX, época de esplendor do racionalismo, o escritor britânico Oscar Wilde proferiu a frase, "O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação", talvez não imaginasse a relevância dessa proposição na atualidade. Uma vez que, hodiernamente, é necessário que a sociedade afasta-se do estado de inércia não para combater o importante papel que as redes sociais desempenham nas discussões políticas, mas para defrontar algumas consequências que elas trouxeram, como debates superficiais e uma falsa participação politica. Para isso, é essencial compreender como se configura a atuação das mídias sociais dentro da sociedade brasileira.    Convém ressaltar, primeiramente, que as redes sociais têm alimentado um debate pouco produtivo entre os cidadãos brasileiros. Isso porque persiste, atualmente, uma aparente consciência política que acompanha grande parte da população brasileira, fazendo com que discursos inflamados sejam assimilados a uma mera manifestação de opinião. O fato é que as mídias sociais têm reforçado a posição extremista de certos grupos sociais, contribuindo para que o posicionamento dessas agremiações seja em tal grau consistente, que confunde-se com uma visão dogmática. Com isso, o debate tende a se tornar inexistente e atentados violentos, como o ocorrido a um candiado à presidência do Brasil, surge como consequência dessa falta de diálogo proveitoso.     Outrossim, as mídias sociais têm sustentado uma falsa participação política do povo tupiniquim. Isso se deve, em boa medida, a uma atuação da população brasileira em relação às questões políticas que, muitas vezes, se resume a uma simples frase nas mídias sociais. Nesse sentido, mesmo que tenha sucedido, nas manifestações de junho de 2013, um grande contingente populacional, boa parte dos cidadãos brasileiros não abriram mão do aconchego de suas casas, das suas ações nas redes sociais, para ir às ruas reivindicar mudanças para o país. Sem dúvida alguma, as redes de interações sociais são um grande aparato para mobilização da sociedade, mas não devem sustentar um discurso de engajamento de indivíduos que não estão diretamente mobilizados em prol de mudanças para o país.    Urge, portanto, a proeminência de medidas para esse revés. Em primeiro lugar, cabe à escola e às ONGs, em parceria, instruir, mediante palestras, discussões e projetos educacionais, os jovens a empregar as redes sociais nas questões políticas de forma mais consciente e consistente, a fim de que esses ambientes se tornem locais de discussões mais produtivas sobre política. Ademais, cabe ao próprio indivíduo buscar interagir mais sobre o sistema político, usando as mídias sociais não para alimentar uma falsa consciência de engajamento, mas como um aparato de mobilização social. Quem sabe assim, seja possível transformar as redes sociais em um verdadeiro instrumento democrático.